Um tropeiro chamado Paula Gomes
Francisco de Paula e Silva Gomes (1802-1857) nasceu em Curitiba no dia 4 de fevereiro. Foi um importante interlocutor da alta sociedade sobre a questão da elevação da quinta comarca de São Paulo ao status de província. "Era um homem autodidata. Só tinha formação primária, mas falava espanhol e francês fluentemente e era um exímio músico. Tocava flauta e violino muito bem", comenta Francine Ferreira, que pesquisou a história do tropeiro.
Emboscada
Paula Gomes acreditava que o Paraná, com vasta produção agropecuária, estava sendo explorado pelos paulistas."Ele criava folhetos e boletins que distribuía nas rotas que fazia como tropeiro. Gastou todo seu dinheiro assim", conta Francine. Morreu em 1957, quatro anos após a emancipação da província do Paraná, em uma tocaia que, segundo Francine, pode ter sido armada por um filho de criação. "Ele incomodou muita gente com suas ideias", comenta a artista visual.
Como algumas das boas ideias da vida, essa surgiu em um balcão de bar. "Estava conversando com algumas pessoas e descobri que muitas passam a vida toda sem saber a história das ruas onde moram", conta Arlindo Ventura, o Magrão, proprietário do Bar dO Torto. Pensando nisso, ele decidiu instalar nas paredes de seu reduto boêmio, no São Francisco, um banner que esclarece quem foi Paula Gomes, que dá nome à rua do bar. A iniciativa conta com apoio da Quadra Cultural e do Clube do Assinante Gazeta do Povo.
A "inauguração" do banner, prevista para hoje, não é uma coincidência. O dia 19 de dezembro marca a Emancipação Política do Paraná, que até 1853 pertencia ao estado de São Paulo. Cisão essa que teve como um de seus principais agitadores o tropeiro Francisco de Paula Gomes. "Todo mundo acha que Paula Gomes é uma mulher", ri o proprietário do bar.
Paula Gomes era curitibano e fazia a rota entre o Rio Grande do Sul e a feira de Sorocaba (SP), tradicional entreposto de negociação de mulas, cavalos, gados e outros animais. "Ele era pertencente à Sociedade dos Campos Gerais, era um homem próspero, e dissipou sua fortuna com a propaganda da emancipação", conta o jornalista Jaques Brand, que ajudou na pesquisa feita pela artista visual e poeta Francine Ferreira, outra entusiasta da ideia. "Ele andou pelo Rio de Janeiro, e existem documentações que ele encaminhou à corte e à imprensa a favor da emancipação do Paraná", completa. Por um desses acasos urbanísticos, a rua desemboca na Praça 19 de Dezembro, a popular Praça do Homem Nu, uma homenagem à Emancipação do Paraná.
Permanente
O desenho do banner, de 12 metros quadrados, é de autoria do artista Juliano Grus, é acompanhado das frases "Francisco de Paula Gomes O Tropeiro que pensou a emancipação do Paraná" e "Paraná: nosso jeito de ser Brasil".
Magrão não tem planos de estender o projeto para mais ruas do São Francisco, mas espera que a iniciativa motive outras pessoas a fazerem o mesmo. "Paula Gomes não é um nome qualquer dado ao acaso. É um nome significativo para o progresso do estado. E o turista que eventualmente passar pela rua vai poder conhecer um pouco da nossa história. Até as pessoas que moram aqui vão se surpreender com ela", acredita.
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