A reação natural de quem sofre ou presencia um crime é alertar os amigos. Pela internet, sites especializados podem levar esses comentários para todo o planeta. São informações úteis, por exemplo, para quem quiser evitar determinada zona perigosa ao mudar de casa, matricular os filhos na escola ou fazer uma viagem turística. Com proposta similar à da Wikipedia, onde qualquer usuário pode editar e adicionar verbetes, os sites pedem a participação direta do internauta. Um deles é o Wikicrimes.org (www.wikicrimes.org), criado no início do ano passado, que permite a qualquer um apontar em um mapa feito com base no Google Maps onde, quando e como ocorreu um crime. Quem se cadastrar no site poderá ler a descrição da ocorrência.
"O Estado monopoliza os dados sobre segurança e os esconde", critica o professor de computação da Universidade de Fortaleza Vasco Furtado, que se inspirou em iniciativas dos Estados Unidos para criar o site. "O cidadão tem o direito de saber se determinada região é perigosa ou não." Para ele, a falta de informação é generalizada no país.
No Paraná, a Secretaria da Segurança (Sesp) divulga trimestralmente um mapa do crime que divide as ocorrências por região. Apenas Curitiba figura com dados municipais, mas a Sesp, que afirma ter um avançado sistema de geoprocessamento, não divulga os crimes por bairro nem aponta os locais mais perigosos da cidade. A secretaria alega que a divulgação pode prejudicar a polícia e causar pânico na população.
Para o professor, o efeito pode ser contrário. "Na maioria das vezes, as pessoas têm uma impressão de criminalidade maior do que a realidade", afirma. "A falta de informações só faz crescer essa sensação de insegurança."
Furtado diz ainda que o baixo registro das ocorrências distorce as estatísticas. "A subnotificação, principalmente de furtos e roubos, pode chegar a 60% nas grandes metrópoles", estima.
Mas como confiar nas informações postadas por qualquer um? Furtado explica que cada vez que uma ocorrência é registrada, o usuário deve fornecer endereços de e-mail de alguém que possa confirmar a informação, além da moderação de cinco pessoas incluindo o próprio criador da ferramenta. Além disso, é possível retificar informações posteriormente. O Paraná já é terceira a unidade da federação que mais colabora com o site.
Paz
Outro projeto que se propõe a coletar dados da criminalidade é o Paz, Curitiba! (www.pazcuritiba.k6.com.br), que pretende apontar os lugares mais perigosos da capital paranaense. "Nos últimos dez anos, a cidade mudou muito o seu perfil. Não há mais lugar seguro", diz o designer Sean "Canha" Berger, criador do site.
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