Diante de uma seca extrema provocada por falta de chuva e de neve há quatro anos seguidos, a diretora de Recursos Hídricos da Comissão de Utilidades Públicas da cidade de São Francisco, na Califórnia, Paula Kehoe, chegou na quarta-feira (22), ao Brasil para dividir as experiências de enfrentamento da crise em uma região onde vivem cerca de 2,5 milhões de pessoas, com autoridades brasileiras. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, ela diz que a prioridade número 1 é reduzir a demanda por água.
“Secas são muito desafiadoras e difíceis de serem geridas”, diz Paula quando questionada como a Califórnia está lidando com uma seca que já dura 4 anos. “O governador Jerry Brown, em janeiro de 2014, convocou todos os californianos a reduzir o consumo voluntariamente em 10%, principalmente na irrigação. Em 2015, a seca se agravou e a determinação é para reduzir o consumo de água urbana em 25%, pela primeira vez na história”, avalia.
Lei obriga prédio a reaproveitar água drenada de subsolo em SP
O prefeito Fernando Haddad (PT) sancionou nesta quinta-feira, 23, o projeto de lei que obriga o governo municipal a utilizar água de reuso em obras públicas. Na proposta, aprovada pelos vereadores paulistanos em fevereiro, também ficou definido que a água drenada dos subterrâneos de prédios deverá ser reutilizada - hoje é comum na capital paulista edifícios que jorram até 50 mil litros de água por dia para evitar a inundação de suas garagens.
A nova lei tem agora 120 dias para ser regulamentada. No texto também fica determinado que a Prefeitura passe a utilizar água de reuso ou das chuvas na irrigação de jardins e na lavagem de calçadas e de monumentos. Mas não foi definido como as empresas contratadas pelo governo vão adotar a mudança.
Para os postos de combustível e lava-rápidos, o prazo para que passem a utilizar somente água de reuso será de 3 anos. Na semana passada, Haddad também havia sancionado projeto do Legislativo que cria multa de R$ 250 para quem for flagrado pela segunda vez lavando a calçada com água da rede da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico de São Paulo).
Avaliando se as políticas têm sido suficientes na Califórnia, a diretora cita São Francisco como modelo. “Em São Francisco, por exemplo, temos feito um trabalho com os clientes para que reduzam a quantidade de água que consomem em casa e em seus negócios. O consumo de água per capita é baixo se comparado com outras regiões do Estado, próximo de 45 galões (170 litros) por pessoa por dia. Assim, em São Francisco tivemos de reduzir em 8% o consumo de água, enquanto outras regiões foram obrigadas a reduzir o consumo em até 36%”, afirma a diretora.
Em janeiro de 2014, o governador da Califórnia, Jerry Brown, decretou estado de emergência por causa da seca. Para Paula, quando o governador sinalizou a emergência, “mandou uma mensagem para todos os californianos”, de que deveriam “refletir sobre o uso da água em casa e nos negócios pois “era um assunto sério”.
“Nós não falamos sobre racionamento”, afirma a californiana. “Falamos sobre reduzir o consumo e não desligar a água ou não ter água dia sim, dia não. Antes, a redução era voluntária. Agora, há cobrança de multa para quem tem consumo excessivo de água”, completa.
“Em São Francisco nós tivemos uma longa seca entre 1987 e 1992, foram seis anos muito difíceis e nosso sistema de abastecimento foi muito afetado. Ali nós começamos um amplo programa de conservação de água, que inclui incentivos para troca de equipamentos sanitários mais econômicos, entre outras medidas, para ajudar os clientes a reduzirem o consumo de água”, diz Paula Kehoe sobre as medidas adotadas no combate à escassez de água.
Para a diretora de Recursos Hídricos de São Francisco, reduzir a demanda é a “primeira prioridade”. Para ela, a cidade californiana está “comprometida com investimentos em infraestrutura”. “Em 2002, conseguimos aprovação do Congresso para um plano de US$ 3,8 bilhões, e hoje já executamos 80% do que estava previsto. Agora estamos diversificando nossas fontes, instalando poços no lado oeste da cidade, para misturar água subterrânea com água superficial, produzindo água reciclada para usos não nobres e autorizando prédios particulares, como hotéis, a instalar sistemas próprios de reúso de água”, completa Paula.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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