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"Se enquanto militares eles já fazem isso, imagine o que farão subordinados a um comando civil." A frase, dita por Lula em reunião ontem, resume o tom adotado pelo presidente três dias depois do acordo fechado pelo governo para suspender a greve dos controladores de vôo. Além da necessidade de alisar o comando da Aeronáutica, machucado no episódio, Lula se diz incomodado com a escalada de ameaças dos controladores, que no sábado, mal haviam arrancado uma série de concessões, puseram-se a acenar com a possibilidade de outro apagão na Páscoa (ontem recuaram). O novo estado de espírito no Planalto, onde agora se fala que é preciso decidir "com calma", pode atrasar em alguns dias a edição da MP da desmilitarização.

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Assopra – Ao receber ontem o comandante da FAB, Junini Saito, Lula, além de pródigo em elogios, foi taxativo: disse que qualquer alternativa encontrada para a encrenca dos controladores terá a participação da Aeronáutica. Morde – Na cúpula do governo, já se encontra quem afirme que, embora o ministro Paulo Bernardo (Planejamento) tenha dito aos amotinados que não haverá punições, ninguém poderá interferir nas decisões da Justiça Militar. Mais uma – Além de sucessivas reuniões com ministros para tratar da crise aérea, Lula cogita levar o assunto ao Conselho Político, instância que congrega os presidentes de siglas da coalizão governista. Cara de paisagem – Na reunião ministerial de ontem, chamou a atenção dos presentes a impassibilidade de Waldir Pires. Quando Lula puxou o assunto da encrenca nos aeroportos, já na parte final do encontro, o titular da Defesa fez que não era com ele. Figurino – A oposição recortou e guardou a foto em que o advogado Roberto Teixeira aparece no Palácio do Planalto ao lado dos proprietários da Gol, na audiência motivada pela compra da Varig. Acha que o compadre de Lula tem tudo para se transformar no Paulo Okamotto da CPI do Apagão Aéreo. "Ou mesmo no Marcos Valério", arrisca um pefelista mais radical. Inútil – Deputados oposicionistas consideram cortina de fumaça do presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), a idéia de criar uma Comissão Especial para apurar o caos aéreo. "Se ela convocar um brigadeiro e um controlador e eles se recusarem a ir, estará desmoralizada", diz Gustavo Fruet (PSDB-PR).

Meia volta – Cerca de dez deputados petistas ouviram um redondo "não" de Fernando Haddad ao indicarem o colega Irineu Colombo (PR) para cargo na Educação. Resta ao ministro torcer para não precisar tão cedo da bancada. SPC 1 – A tesouraria do PT vai apresentar ao Diretório Nacional, em reunião nos dias 20 e 21, uma lista com os nomes dos integrantes da sigla em cargos de confiança no governo federal que não estão em dia com o "dízimo" – contribuição mensal ao partido. SPC 2 – De acordo com a tesouraria, são 4.000 petistas que, após quatro anos de governo Lula, devem ao partido um total de aproximadamente R$ 30 milhões. A dívida do PT na praça é de R$ 50 milhões, incluída a quantia herdada da campanha reeleitoral. Em todas – Al Gore participará da festa de 1.º de Maio da Força Sindical via teleconferência. A central tentou trazer o ex-vice-presidente americano ao país, mas esbarrou na agenda cada vez mais lotada após o sucesso de seu filme sobre o aquecimento global. Ele voltou – O painel relativo ao impeachment no chamado "túnel do tempo" do Senado, que havia sido retirado na época da posse dos novos parlamentares, foi recolocado. O texto diz que o agora senador Fernando Collor (PTB-AL) foi "afastado do governo em inédito processo conduzido pelo Congresso Nacional". Não pegou – Aliados se esforçam para convencer o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), a desistir das esvaziadas sessões de segundas e concentrar esforços nas terças e quartas.

TIROTEIO

* Do deputado Carlos Wilson (PT-SP), ex-presidente da Infraero, sobre a intenção oposicionista de investigar na CPI suspeitas de irregularidades durante sua gestão à frente da empresa.

– O importante é que se dê responsabilidade a quem tem responsabilidade. A Infraero não é culpada pelo apagão aéreo.

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