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Porto Alegre (EFE) – Os países latino-americanos avançaram em alguns pontos com a reforma agrária implementada no século passado, mas a propriedade da terra ainda é muito concentrada e surgiram novos desafios, segundo os participantes da Conferência Internacional sobre Reforma Agrária e Desenvolvimento Rural, realizada em Porto Alegre.

O México realizou uma das maiores reformas agrárias do mundo, distribuindo quase metade do seu território, mas hoje enfrenta o problema de milhares de minifúndios improdutivos. Já na Colômbia, a concentração da propriedade da terra duplicou nos últimos 20 anos.

"Alguns países alcançaram avanços, mas em todos existem problemas de terra antigos e novos", disse Paolo Groppo, analista da FAO. "Na década de 60, o desafio era apenas lutar contra o latifúndio. Agora existem novos problemas e os países latino-americanos têm que se equilibrar entre as pressões de agricultores, índios, afrodescendentes, mulheres, ecologistas e do próprio mercado".

No Brasil, além de atender a reivindicações econômicas e culturais dos pobres, o novo modelo de reforma agrária, segundo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, também tem que levar em conta a preservação ambiental e a produção de combustíveis alternativos ao petróleo.

A FAO, organizadora da II Conferência sobre Reforma Agrária, espera que o encontro em Porto Alegre, que termina amanhã, apresente um novo modelo de reforma agrária e um compromisso mundial em defesa da população rural, que representa 75% dos pobres do mundo.

Pobreza

Delegações de 80 países participam da reunião de Porto Alegre, convocada 27 anos depois da primeira Conferência da FAO sobre o tema (Roma, 1979). Segundo os especialistas, as reformas agrárias promovidas na América Latina nas décadas de 60 e 70, algumas delas ainda em andamento, melhoraram a situação, mas não foram capazes de reduzir a pobreza no campo.

As estatísticas indicam que a maioria da população rural nos países da América Latina se encontra abaixo da linha de pobreza. No Brasil, são 75,5%.

A concentração de terra continua alta, especialmente na América do Sul. Enquanto quase a metade (46,04%) das propriedades rurais ocupa 1,26% das terras cultiváveis na Argentina, Brasil, Colômbia, Peru e Paraguai, 14,64% dos proprietários monopolizam 68% da superfície.

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