Urbanista elogia a reforma, mas cita a carência dos parques
Para o professor de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Tecnológica Federal do Paraná Orlando Ribeiro, o investimento na Praça da Espanha é ambíguo. "Por um lado, qualquer investimento em uma área pública já consolidada como a Praça da Espanha em face de tantas outras mais carentes de investimentos, causa estranheza. Por outro, é um local com uma grande movimentação e programação de atividades, e diante disso, me parece adequado que se façam melhorias por lá", afirma.
Para ele, o resultado geral é positivo. "Fica claro que quanto mais se utiliza o espaço, maior o poder de barganha das partes interessadas, e isso é muito bom. A Praça da Espanha não foi concebida para receber as atividades que ela tem hoje, então podem ser benéficas as reformas que comportem as atividades culturais que se pretende desenvolver ali".
Entretanto, ele admite que existem áreas turísticas mais carentes de recursos públicos na cidade. "Os parques, de uma maneira geral, estão abandonados. Você vai ao sanitário no parque São Lourenço e falta vaso sanitário, falta água... O Parque Barigui também. Ele recebe muita gente aos domingos e está sempre sujo. Era preciso que se redimensionasse a utilização desses lugares para poder abraçar a população melhor, já que os parques, sim, são de uso de toda a cidade".
A Praça da Espanha passará por uma reforma que pode se prolongar até abril de 2015. O projeto de revitalização, que é do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), mas terá sua execução pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente, vai utilizar recursos do Ministério do Turismo e da prefeitura.
Os tapumes ao redor da praça começaram a ser colocados na última quinta-feira, e a praça ficará fechada por um mínimo de quatro e um máximo de nove meses, de acordo com as informações divulgadas pela prefeitura. Entre as melhorias previstas estão a recolocação do piso e troca das bombas do chafariz, iluminação na calçada, a construção de um palco e de uma arquibancada na parte superior da praça, um novo playground para as crianças e a reforma da Biblioteca Miguel de Cervantes.
De acordo com o presidente da Associação dos Comerciantes da Região da Praça da Espanha (Ascores), Othon Accioly, o requerimento para a revitalização da praça havia sido feito em 2009, junto com um pedido de reforma da Avenida Carlos de Carvalho, principal acesso ao lugar. "A Carlos de Carvalho foi revitalizada em 2011 e 2012, e a Praça da Espanha ficou pra um segundo momento. E aí o Instituto de Turismo [de Curitiba] conseguiu via Ministério do Turismo recursos para revitalizar a Praça", explica.
A obra terá um investimento de R$ 2,02 milhões do Ministério do Turismo e uma contrapartida de R$ 175 mil da prefeitura. Paulo Colnaghi, presidente do Instituto de Turismo de Curitiba, responsável pela captação do recurso explica que a verba já estava destinada para a Praça da Espanha desde a gestão anterior, e que só foi autorizada agora pela lentidão do trâmite.
"Esse é um recurso destinado para pontos turísticos da cidade, não poderia ser usado para revitalizar uma praça de bairro ou uma rua, por exemplo. A Praça da Espanha é hoje um reconhecido marco turístico da cidade, um polo gastronômico importante", diz Colnaghi. Ele explica também que parte da obra, como parte da pintura e a poda de algumas árvores já havia sido iniciada no começo do ano, mas foi interrompida para a Copa do Mundo.
Accioly diz que os comerciantes esperam uma redução no movimento pelos próximos meses. "Pedimos para não fecharem a parte de estacionamento de veículos pelo menos, mas a praça virou um ponto de encontro de famílias curitibanas e turistas, e eles devem vir menos com a reforma", avalia. Outros comerciantes, como os da tradicional Feira de Antiguidades que é realizada aos sábados, serão realocados na Rua Coronel Dulcídio, outra via de acesso à praça. Com o novo projeto, eles terão um espaço específico para a feira.
Por fim, o presidente da Ascores espera que a revitalização reduza alguns dos problemas que a Praça da Espanha vem enfrentando o consumo e o tráfico de drogas sendo o principal deles, na visão da Associação: "Devemos aproveitar a reforma para reforçar a vigilância por câmeras no local e fazer um programa de atividades para que as pessoas de bem ocupem a praça, coibindo esse tipo de ato."
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