Reforma duradoura de estradas custaria R$ 20 bi, diz ministro

Curitiba (com agências e interior) – A recuperação profunda das estradas federais exigiria um investimento de R$ 20 bilhões. O cálculo é do ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, que inaugurou ontem o programa nacional de tapa-buracos em Brasília, nas rodovias BR-040 e BR-060.

O investimento de R$ 440 milhões em 26,5 quilômetros de rodovias garante uma durabilidade máxima de um ano. No Paraná, as obras em 713 quilômetros de rodovias, divididas em 11 trechos, terminam em 45 dias, metade do prazo estipulado pelo governo.

"Depois de melhorar o pavimento vamos nos dedicar à conservação, fazendo o roçado às margens das rodovias e melhorando a sinalização", afirmou o coordenador interino do Dnit Paraná, Omir Mello Ferreira.

Ferreira admite que as obras no estado, nas mãos de 13 empreiteiras contratadas, são superficiais. "É por isso que, junto ao trabalho de tapa-buracos, estamos fazendo um levantamento de quanto custaria para fazer uma recuperação profunda nas estradas a longo prazo e o apresentaremos ao ministro para conseguir novos recursos", disse.

Cada quilômetro paranaense está recebendo R$ 29 mil. A restauração completa exigiria recursos mínimos de R$ 400 mil por quilômetro.

Eleições

Todas as obras serão feitas por aditamento de contratos ou contratação sem concorrência. A solução é polêmica: contratos sem licitação são sempre suspeitos e não há razão clara para transformar em emergência uma situação que vem de anos de manutenção ruim ou inexistente. A questão fica ainda mais complexa se for levado em conta que 2006 é um ano eleitoral e que as empreiteiras costumam ser grandes contribuintes de campanhas.

Talvez por isso o ministro tenha se apressado em dizer que, apesar disso, os custos não serão maiores. "Em média, vamos conseguir 20% de desconto (em relação à tabela de referência do governo)", disse.

Os deputados federais Sandro Mabel (PL-GO) e Rubens Otoni (PT-GO), que têm base eleitoral no estado onde estavam sendo feitas as obras vistoriadas, acompanharam o ministro.

Mabel foi acusado de envolvimento no escândalo do mensalão, mas o Conselho de Ética da Câmara recomendou sua absolvição.

Logo na primeira parada, na BR-040, em Jardim Ingá, no município da Valparaíso (GO), periferia de Brasília, a vistoria do ministro adquiriu clima de campanha eleitoral. O diretório do PT de Cidade Ocidental, localidade próxima, estendeu uma faixa agradecendo ao governo pelas obras.

Questionado sobre se não era muita festa para uma obra paliativa, o ministro respondeu: "Eu não estou fazendo festa, estou fazendo uma coisa diferente. Essa é a maior operação de prevenção que se faz na história do ministério".

Na BR 163, rodovia que liga Marechal Cândido Rondon a Guaíra, no extremo Oeste do Paraná de 64,2 quilômetros tomados por buracos, 2 quilômetros foram recuperados ontem no perímetro urbano.

Inaugurada em 1983, a 163 jamais passou por grandes reformas. O segmento recebeu o maior volume de investimentos destinados ao estado: R$ 5,23 milhões, do total de R$ 20 milhões.

"O ritmo de trabalho é lento nos primeiros dias por causa do deslocamento de máquinas e operários até o local das obras. Nós próximos dias, a operação deve atingir os pontos mais críticos da rodovia", explicou Vicente Veríssimo Júnior, supervisor do Dnit em Foz do Iguaçu.