Há seis meses, a saúde pública de Curitiba funciona com uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) a menos. Isso porque o poder público municipal iniciou em novembro uma série de reformas em duas dessas unidades que fez com que elas ficassem completamente fechadas para o público. Esse tempo, porém, deve se alongar até que a UPA do Campo Comprido seja reaberta após passar por revitalização, a ser concluída até julho.
Ao todo, a capital do estado possui nove UPAs.
A UPA Fazendinha, a primeira a passar por um processo de reforma, iniciada em novembro, foi reaberta no dia 28 de março. No dia 4 de abril, foi a vez da UPA Campo Comprido ser fechada. Há um estudo da Secretaria Municipal de Saúde para que no decorrer do ano outras unidades sejam fechadas para reformas.
Um dos reflexos dessas reformas é o transtorno causado a pacientes que precisam se deslocar para outras unidades a fim de buscar atendimento.
Como é o caso de Jaqueline Jungles, de 25 anos, que mora no bairro Campo Comprido. “É complicado para a gente que não tem carro vir para outra UPA com criança para ser atendido. Prejudica a população. Não precisava ter fechado completamente a unidade”, afirma ela que é mãe de uma criança de seis anos.
Cristian Moreira, que também reside no Campo Comprido, diz que o fechamento de qualquer UPA compromete a saúde pública da cidade. “Será que havia necessidade fechar toda a unidade para fazer uma reforma? Isso sobrecarrega as outras unidades”, ressalta. Jaqueline e Cristian tiveram suas consultas realizadas na UPA Fazendinha.
Para Josiele da Silva Santos, que levou seu filho de dois anos para consulta pediátrica na UPA da Cidade Industrial de Curitiba (CIC), faltou jogo de cintura para a prefeitura na escolha do período para fechar uma UPA. “Nesse período a procura de mães por médicos aumenta. Tem gripe, tem a H1N1. Se tivesse que parar de atender o público por um tempo, poderia escolher outra data”, opina.
Fluxo
A Secretaria de Saúde informa que os atendimentos de urgência e emergência da UPA Campo Comprido, que está atualmente fechada, serão redirecionados principalmente a UPA Fazendinha e UPA CIC, as mais próximas. As situações que não exigem atendimento prioritário serão encaminhadas às unidades básicas de saúde onde o usuário é cadastrado.
Apesar de estar com uma unidade em funcionamento a menos, o secretário municipal da Saúde, César Titton, explica que o monitoramento feito pela Departamento de Urgência e Emergência da Secretaria durante o fechamento da UPA Fazendinha – entre novembro de 2015 e março de 2016 – mostrou que não houve sobrecarga sobre os demais equipamentos da rede.
Ele diz que os números dessas três UPAs mostram uma redução no total de atendimentos em 2015, quando comparado aos anos anteriores. Na UPA Campo Comprido, ao longo de todo ano passado foram realizados pouco mais de 110 mil atendimentos, contra 137 mil em 2013 e 116 mil em 2014. O mesmo se verificou na UPA CIC, com 130 mil atendimentos em 2015. Já em 2013 foram 156 mil e, em 2014, 146 mil.
Secretaria diz que não tinha como manter UPAs abertas
O assessor de gabinete da Secretaria de Saúde de Curitiba, Eduardo Funchal, afirma que não havia condição de manter as UPAs abertas durante o processo de reformas. “Isso colocaria em risco os próprios pacientes, pois uma reforma provoca muita sujeira. São reformas mais amplas que poderiam resultar até em uma infecção”, diz.
Ele confirma que o transtorno para alguns usuários é inevitável, mas Funchal orienta que não se tratando de casos urgentes ou emergenciais as pessoas procurem os postos de saúde. “Para minimizar ou evitar qualquer problema na rede de saúde toda a equipe que atuava na UPA fechada é deslocada para outras unidades”, afirma.
Segundo o assessor, entre as obras programadas, há questões estruturais como a revisão da tubulação da água pluvial e de esgoto, reforma do telhado e troca do piso de alguns ambientes que exigem que o local esteja isolado.
Estão previstas ainda a revisão de toda a rede elétrica, adequação da sala de espera dos pacientes e da sala de observação, instalação de uma farmácia satélite (utilizada para a distribuição de medicamentos aos funcionários, que antes retiravam diretamente no almoxarifado), pintura interna e externa. “Vamos mudar o fluxo interno de locais de atendimento para preservar a saúde dos pacientes e reduzir os riscos de infecção”, completa Funchal.