Um refugiado da Eritreia, país no nordeste da África, vive há cinco dias no Aeroporto Internacional de Cumbica, em Guarulhos, na região metropolitana de São Paulo. Eseyas Tesfu Habtemar, de 20 anos, aguarda decisão das autoridades brasileiras sobre pedido de refúgio no país. Ele partiu de Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, com a irmã Kibramariam Tesfu Habtemar, de 22, que foi obrigada a voltar ao Oriente Médio, e um parente, Meseret Habtegebriel, de 28, que está detido por lesão corporal.
Os três seriam desertores do serviço militar obrigatório da Eritreia. Segundo relatos de religiosos eritreus, o serviço, que também recruta mulheres, desde 2010 não tem prazo para terminar. Ainda haveria casos de perseguição religiosa no país.
Os três chegaram ao Brasil na madrugada de quarta-feira (24) e seguiriam para a Colômbia - onde têm parentes e buscariam refúgio. A companhia aérea que os levaria ao país vizinho, porém não permitiu que eles embarcassem. Como não tinham autorização para permanecer em território brasileiro, os problemas começaram.
Kibramariam foi acomodada no mesmo dia em um voo de volta a Dubai. Meseret, por sua vez, se envolveu em uma confusão com policiais por causa do impedimento de viajar à Colômbia e continua detido por lesão corporal. A Justiça Federal já determinou sua repatriação, mas, como ele fez um pedido de refúgio para permanecer no país, o caso ainda será analisado. Já Eseyas conseguiu embarcar para a Colômbia porque a empresa aérea voltou atrás em sua decisão após a confusão com Meseret. Chegando lá, porém, a imigração colombiana recusou seu ingresso e ele teve de retornar a Guarulhos. Antes de ser enviado para Dubai, ele também formulou um pedido de refúgio no Brasil.
Segundo a Polícia Federal, Meseret está à disposição da Justiça Federal, que analisa em qual condição ele permanecerá no Brasil. A legislação brasileira determina que, ao declarar a intenção de refúgio, o estrangeiro tenha o direito de permanecer no País até que seu caso seja analisado. O caso dos eritreus mobilizou religiosos e políticos brasileiros. Para o deputado estadual Adriano Diogo (PT), "o problema é enorme". "E ninguém nos informa nada com precisão", disse.
Medo
Refugiados nos Estados Unidos, parentes dos eritreus estão apreensivos. Até a segunda-feira (29) não havia notícias de Kibramariam. "Na Eritreia, desertores são punidos com a morte", disse uma pessoa que acompanha o caso e pediu para não ser identificada.
Os nomes dos três detidos em Cumbica foram revelados com autorização de seus familiares que moram nos Estados Unidos. Como já há histórico de casos de execução por deserção, eles acreditam que, quanto mais o caso for divulgado, menos riscos os três eritreus correrão. Segundo parentes, o governo eritreu já teria a lista de todos os que abandonaram o país.
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