Quando Hitler subiu ao poder, em 1933, já havia algumas perseguições isoladas a judeus. Uma delas aconteceu com o pai de Sabine Wahrhaftig, quando ela tinha 6 anos. "Meu pai teve uma briga com um senhor alemão, que disse: você vai ver o que vai acontecer a vocês, judeus, quando Hitler subir ao poder", conta ela. Foi em uma noite de 1933 que os soldados chegaram à casa dela, arrebentaram a porta e levaram o pai preso, arrancado da cama de pijamas. "Os soldados vieram com aquelas botas que fazem um barulho enorme, igual ao que a gente vê em filmes. Minha mãe pediu ajuda ao rabino e, no dia seguinte, meu pai foi solto. Deram 24 horas para deixarmos a Alemanha."
Sabine, o irmão de três anos e os pais foram para a Bélgica e, em 1935, a família decidiu vir ao Brasil. "Perguntei ao meu pai: Onde é o Brasil? Ele disse: É o único país que abriu as portas para nós." Aqui, quem recebeu a família dela foi um judeu que ficou conhecido como o "Schindler" do Paraná, Salomão Guelmann. "Ele nem sabia quem éramos e foi ao porto de Paranaguá (ao lado foto da chegada) nos receber como se fôssemos parentes. Levou-nos para a sua casa, ensinou meu pai a falar português e a vender gravatas. Ficamos com ele até nos organizarmos. Foi um homem abençoado", conta Sabine. Salomão chegou ao Brasil em 1912 e, ao saber das perseguições nazistas, recebeu muitas pessoas aqui. "Houve um período no Brasil em que os migrantes só podiam entrar se fossem agricultores. Meu avô comprou terras perto de Vila Velha (Campos Gerais do Paraná) e acolhia as pessoas que conseguiam migrar nessa condição. Mas lá, elas nunca pegaram na enxada", explica o neto de Salomão, Gerson.
Sabine Wahrhaftig
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