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Segurança

Registro de mortes violentas volta a crescer

Sem crédito na capital, viaturas são mandadas para o interior, gerando mais gastos para o estado | Brunno Covello/ Gazeta do Povo
Sem crédito na capital, viaturas são mandadas para o interior, gerando mais gastos para o estado (Foto: Brunno Covello/ Gazeta do Povo)

No dia do vexame da seleção brasileira, a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) divulgou ontem – com atraso e sem alarde – o relatório de mortes violentas ocorridas no Paraná nos primeiros três meses deste ano. O índice recuou na comparação com janeiro a março de 2013 (-8,25%), mas revelou avanço nos trimestres anteriores, o que preocupa os especialistas.

Entre janeiro e março de 2014, o Paraná registrou 745 mortes violentas (homicídios, latrocínios e lesões corporais seguidas de morte). O número corresponde a 27 casos por 100 mil paranaenses, quase duas vezes acima do patamar de 10 mortes por 100 mil habitantes considerado aceitável pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

Nos últimos três anos, o índice de mortes violentas vinha apresentando uma leve tendência de queda. Entretanto, a partir do segundo trimestre de 2013, o indicador disparou, saltando de 608 casos para os 745 atuais: aumento de 22,5%.

Para o ex-secretário Na­­­cional de Segurança, coronel José Vicente da Silva, a nova escalada das mortes violentas no Paraná indica uma falha grave no planejamento estratégico das forças de segurança do estado e requer uma integração entre as corporações para conter o avanço.

"Já é suficiente para acender o sinal amarelo. É bem provável que a polícia não esteja sendo eficiente no trabalho preventivo e de polícia judiciária. Quando a criminalidade sabe que a polícia está em cima, o crime arrefece. Parece que não é isso que está acontecendo", avaliou.

O sociólogo Pedro Bodê, coordenador do Grupo de Estudos da Violência, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), destaca a criação da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) como ponto positivo. Entretanto, revela que sem a modernização das polícias, o estado corre o risco de não galgar resultados expressivos.

"Até que se faça uma reforma estrutural nas polícias, sistema penitenciário e no judiciário, dificilmente teremos uma evolução efetiva. Vamos ficar sempre neste patamar. Um bom passo, seria a aprovação da PEC 51 [proposta que prevê a reestruturação das policiais]", opinou.

Em seis meses, Curitiba teve aumento de 46% nos casos

O número de mortes violentas também está em curva ascendente em Curitiba. Após uma redução gradativa ocorrida no ano passado, o indicador chegou a 116 registros no terceiro trimestre do ano passado. Nos dois trimestres seguintes, os casos se multiplicaram, aumentaram 46,5% e chegaram aos 170 crimes fatais verificados no primeiro trimestre de 2014. O índice corresponde a 38,8 mortes violentas por 100 mil habitantes.

Entre os cinco bairros que mais tiveram assassinatos, quatro têm pelo menos uma Unidade Paraná Seguro – política de segurança do governo do estado, que, na teoria, aposta no vínculo da polícia com a comunidade. A Cidade Industrial, que também é o bairro mais populoso, lidera a ranking, com 23 mortes violentas no primeiro trimestre de 2014. Cinco de suas vilas contam com uma UPS.

Para o sociólogo Pedro Bodê, a manutenção de altos índices de homicídios em bairros que sediam UPS indica que esta política não tem sido eficiente. "Em princípio, parece que todo esse sistema está funcionando precariamente. Se esses bairros estão recebendo mais investimentos em segurança, deveriam ter melhores resultados", observou.

A reportagem tentou contato com a delegada Maritza Haisi, chefe da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa, para comentar as estatísticas, mas ela não atendeu as ligações. No mês passado, a Gazeta do Povo visitou as dez UPS de Curitiba e constatou que oito se resumiam a um módulo, em torno do qual uma viatura patrulhava.

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