Entre as 272 cidades do Brasil que não têm nenhum médico nas equipes do Programa Saúde da Família (PSF), somente 12% receberam profissionais vinculados ao Mais Médicos. Os números demonstram que a rejeição a esses municípios persiste: quase metade dos 33 beneficiados (17) terá apenas médicos cubanos, designados pelo governo federal.
Segundo cruzamento feito pelo jornal O Estado de S. Paulo, 189 das cidades (69%) com esta carência de profissionais pediram médicos para o programa nas duas etapas de seleção. Entre elas, somente 48 (25%) foram consideradas prioritárias pelo governo, apesar de não terem nenhum médico no PSF - a saúde da família é um dos focos do programa.
Segundo especialistas da área da saúde, um atendimento correto é capaz de suprir 80% das demandas básicas de saúde, como atendimentos corriqueiros e acompanhamento de doenças crônicas, como hipertensão e diabete. Não à toa, a prioridade do Mais Médicos é compor equipes de atenção básica nos municípios. O problema é que, mesmo estando entre as cidades prioritárias, a maioria continua sem médico porque não foi atendida pelo programa. É o caso de Jandira, com 110.842 habitantes, na Região Metropolitana de São Paulo. A cidade não tem equipe de saúde da família e requisitou 28 médicos ao governo federal.
"O que eu posso dizer é que estou frustrado, decepcionado. Pedimos 28 médicos. Não esperava receber todos, mas pelo menos um terço disso", afirma Elissandro Márcio Lindoso, secretário municipal de Saúde de Jandira.
A situação se repete de Norte a Sul do País, em cidades pequenas e de regiões distantes. O município de Carrapateira, na Paraíba, por exemplo, não tem nenhum médico de saúde da família para os 2.441 habitantes. A cidade requisitou profissionais ao programa, foi considerada prioritária, mas acabou não sendo contemplada. O mesmo aconteceu em Itapevi, na Grande São Paulo.