Relatório da ONU sobre Raposa Serra do Sol pode trazer danos à imagem do Brasil| Foto: Rosewelt Pinheiro/ABr

Brasília - Às vésperas da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a demarcação em área contínua da reserva indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, o relator especial das Nações Unidas para os Direitos Humanos e Liberdades Fundamentais dos Povos Indígenas, James Anaya, começou ontem uma visita oficial de 12 dias ao Brasil para monitorar a situação. A visita termina no dia 25 e, ao final, Anaya produzirá relatório a ser apreciado na próxima sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU, em dezembro.

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Anaya avaliará experiências indígenas tanto negativas como positivas do país. Porém, centrará atenção em dois pontos críticos: o primeiro é a disputa entre índios e arrozeiros na reserva Raposa Serra do Sol. Os índios querem a saída dos fazendeiros, os quais, por sua vez, querem a demarcação em ilhas e não em área contínua. A visita está marcada para a próxima quarta-feira. O julgamento da ação dos arrozeiros está agendado para o próximo dia 27 no STF.

Outro foco de conflito, as aldeias Guarani-Kaiowa de Dourados, em Mato Grosso do Sul, foram incluídas como o último compromisso de campo, no dia 24. O roteiro completo foi definido ontem de manhã em reunião com o presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Márcio Meira.

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Cuidados

A visita do relator da ONU está cercada de cuidados para que não seja interpretada como ingerência externa no país. Mas entre as autoridades brasileiras há o temor de que o relatório de Anaya traga sérios danos à imagem do país, que já não é boa nessa área. Relatórios anteriores do órgão foram muito enfáticos contra os desrespeitos do Brasil aos direitos indígenas.

A ONU explicou que a visita não parte de qualquer visão preconceituosa. Seu papel, segundo o órgão, é visitar os locais, falar com as partes envolvidas, formar uma visão pessoal e fazer um relatório que, antes de divulgado, será submetido à análise das autoridades brasileiras, que têm direito a fazer suas observações e contestações.