Brasília – Sem fazer uma investigação, o senador João Pedro (PT-AM), que é relator do segundo processo por quebra de decoro contra o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), afirmou ontem que não há provas contra ele nesse caso.

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O petista deve apresentar seu relatório ao Conselho de Ética na próxima semana e a tendência é o arquivamento da denúncia. Renan é acusado de beneficiar a cervejaria Schincariol em troca de vantagens pessoais.

De acordo com a revista Veja, a Schincariol comprou por R$ 27 milhões uma fábrica do irmão de Renan, em Murici (AL), quando o negócio estaria prestes a fechar. O preço estaria acima do de mercado.

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Depois da transação ser concluída, Renan teria conseguido suspender a cobrança de uma dívida de R$ 100 milhões da cervejaria com o INSS e uma outra, também milionária, com a Receita Federal. Tanto o presidente do Senado quanto a empresa negam.

João Pedro analisou apenas a representação protocolada pelo PSol e a defesa apresentada por Renan. "Eu não vou ouvir ninguém", disse ele, que não quis adiantar o teor de seu parecer.

Ele afirmou que a representação feita pelo PSol se resume a uma matéria da revista Veja e que isso não é considerado prova. "Essa manifestação não é só do Senado, é do Supremo Tribunal Federal", disse João Pedro.

O advogado-geral do Senado, Alberto Cascais, tentou derrubar a primeira representação feita contra Renan alegando que ela se baseava apenas em matérias de jornal. Ele argumentou ainda que o Conselho de Ética não tem poderes para fazer uma investigação, já que não pode quebrar sigilos fiscal, bancário e telefônico nem convocar testemunhas para depor.

Renan ainda enfrenta mais um processo por quebra de decoro e já há uma quarta representação contra ele. O presidente do Senado é acusado de ter comprado rádios, por meio de "laranjas", com dinheiro de origem desconhecida. E também de ter participado de um esquema de desvio de recursos de ministérios comandados pelo PMDB. Aliados do senador querem que todas as denúncias sejam votadas em bloco.

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Há praticamente um consenso na Senado, inclusive na oposição, de que essa denúncia seria restrita ao irmão de Renan e que, portanto, seria um problema da Câmara dos Deputados. O Conselho de Ética daquela Casa já abriu um processo.

"Eu acho que o caso Schincariol diz mais respeito à Câmara dos Deputados", disse o líder do DEM, senador José Agripino (RN). "Essa investigação deveria começar pela Câmara", afirmou o líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM).

O primeiro processo contra Renan foi arquivado pelo plenário do Senado na última quarta-feira. O placar foi de 40 votos contra a cassação, 35 a favor e seis abstenções. Para a perda de mandato era preciso o apoio de um mínimo de 41 dos 81 senadores. Renan era acusado de ter despesas pessoais pagas por um lobista.