A Relatora Especial da ONU sobre Violência Contra Meninas e Mulheres, Reem Alsalem, foi às redes sociais nesta quarta-feira (8) para pedir esclarecimentos sobre a divulgação de um áudio atribuído a assessora do gabinete da ministra das Mulheres para assuntos LGBT, Malu Aquino, em que a assessora teria admitido boicote à relatora por parte da ministra Aparecida Gonçalves.
O áudio atribuído a assessora faz parte de uma sequência de publicações compartilhadas por um perfil das redes sociais que teria conseguido acesso a uma gravação feita durante uma reunião realizada no ano passado entre integrantes do Ministério das Mulheres, ONGs, entidades e ativistas, em sua maioria ligados à causa LGBT.
“Se for verdade, as informações reveladas aqui seriam preocupantes. Copiando @BrazilUNGeneva [Missão Permanente do Brasil junto à ONU] para sua informação com pedido de esclarecimento. Disponível e pronta para discutir este assunto bilateralmente”, escreveu Reem Alsalem em uma publicação na rede social X, em que compartilha a publicação original com a divulgação do áudio.
No áudio, a pessoa gravada admite que a ministra Aparecida Gonçalves teria barrado a visita da relatora da ONU ao Brasil depois de constatar que Reem Alsalem teria posições “anti-trans”.
A Gazeta do Povo entrou em contato com o Ministério das Mulheres para comentar sobre a publicação de Reem Alsalem e aguarda retorno.
Alsalem tinha visita ao Brasil marcada para agosto de 2023, mas o governo, por intermédio do Ministério das Mulheres, cancelou o encontro. Alsalem tem sido ameaçada de sofrer cancelamento depois de apontar para o risco de ocorrerem casos de intimidação contra as pessoas que manifestem críticas.
Alsalem tem afirmado que as liberdades de expressão e de organização de mulheres estão sendo cerceadas. Por conta desse tipo de alerta, a relatora tem sido acusada de agir de forma transfóbica.
Em entrevista à Gazeta do Povo concedida em outubro do ano passado, poucas semanas depois do anúncio unilateral do cancelamento da visita, Alsalem informou que recebeu uma nova opção de data.
“O governo brasileiro propôs recentemente que a visita ocorresse em setembro de 2024 [...] Tenciono aceitar esta proposta, embora não a considere ideal, pois gostaria que a visita acontecesse mais cedo”, disse a relatora.
Ano passado, o coletivo Correnteza Feminista, grupo que, entre outras pautas, questiona a identidade de gênero, denunciou a perseguição dentro da própria esquerda contra mulheres que não comungam com teorias transumanistas.
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