Brasília Enquanto o governo articula uma aliança com o PSDB, o DEM pretende emperrar ao máximo a tramitação da emenda constitucional que prorroga a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF). Relatora da proposta de emenda à Constituição (PEC), a senadora Kátia Abreu (DEM-TO) disse ontem que apresentará o relatório à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) dentro do prazo de 30 dias previsto no regimento para a tramitação da proposta na comissão ela pretende entregar o parecer até o dia 9, quando acaba o prazo.
Kátia, que antecipou a decisão de apresentar um relatório contra a CPMF, afirmou que dificilmente os ministros conseguirão explicar a necessidade de manter o tributo. "Precisamos que eles respondam para o Brasil e para o Senado o porquê do grande aumento da gastança pública, quero que eles expliquem como pode um país aumentar as suas despesas em 9%, aumentar as suas receitas em 8% e ter um PIB (Produto Interno Bruto) de 5%", cobrou. "São 36 ministérios, 115 estatais, 24 mil cargos de confiança, será que existe alguém no planeta que concorde com esse tipo de administração?", questionou a senadora.
Animada com os e-mails recebidos contra a CPMF, a senadora estréia hoje uma página na internet para debater o assunto. Só no fim de semana, segundo ela, foram enviados 3 mil mensagens de todo o país pedindo a extinção da contribuição. Um número bem maior do que a média diária de 250 e-mails por dia. Neles, os internautas pedem que ela não aceite nenhum tipo de acordo em favor da prorrogação da CPMF.
Sem plano B
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem, em Salvador (BA), que não trabalha com a possibilidade de colocar em prática um "plano B", caso o Congresso não aprove a prorrogação da CPMF. "Eu não sei quem foi o louco que inventou o plano B", afirmou o presidente, após participar da solenidade de inauguração da segunda unidade do Centro Integrado de Manufatura e Tecnologia (Cimatec), ligado ao Senai.
Segundo Lula, "a CPMF não é um desejo do presidente da República, é uma necessidade do Brasil". "Todo mundo de bom senso sabe que ela tem que ser aprovada porque não há como prescindir de R$ 40 bilhões."
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que pretende apresentar até amanhã uma proposta para aprovar no Senado a CPMF. Segundo o ministro, o governo deverá reforçar o caixa da Saúde com uma parcela adicional da CPMF, uma das reivindicações do PSDB.
"Eu pretendo finalizar essa proposta nos próximos dois, três dias, de modo a já darmos andamento mais rápido possível a esse processo. Caso contrário, nós poderemos morrer na praia e não teremos o tempo necessário para aprovação do projeto até dezembro deste ano", disse Mantega ontem.