Sessenta crianças morreram vítimas de desnutrição, doenças respiratórias e infecciosas em 2010 no estado de Mato Grosso, conforme aponta o Relatório de Violência Contra os Povos Indígenas no Brasil, divulgado nesta quinta-feira (30) pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi). A publicação contém dados, análises e artigos sobre a situação violenta da qual os povos indígenas são vítimas em todo o país.
Mato Grosso se destaca no relatório no item de mortes infantis, que também mostra que em todo o Brasil foram registrados 92 mortes de crianças de até 5 anos por causas facilmente tratáveis. Um aumento grande, comparado com 2009, quando foram registrados 15 casos, com 15 vítimas. Em 2008 morreram 37 crianças indígenas no país.
De acordo com o Conselho Indigenista, as mortes foram provocadas pelo descaso em que vivem os indígenas do país, sendo as crianças as mais vulneráveis. No estado, segundo o Cimi, a assistência médica é precária, faltam equipamentos, médicos, enfermeiros, medicamentos e transporte para levar os doentes até unidades hospitalares na cidade.
Campinápolis
Em Mato Grosso, a situação mais crítica é a do município de Campinápolis, a 565 quilômetros da capital Cuiabá. O governo do estado chegou a decretar situação de emergência no município por causa do alto índice de mortalidade infantil entre os índios. Só este ano, já foram registradas 35 mortes na região. Os xavantes teriam sido acometidos por desnutrição, infecção respiratória, diabete e pneumonia.
O secretário especial de saúde indígena, Antônio Alves, disse em entrevista à TV Centro América, no mês passado, que o governo federal reforçou as equipes de saúde com frota de veículos para levar índios para a cidade e melhoria da infraestrutura local. A reportagem não conseguiu entrar em contato com o coordenador regional da Fundação Nacional do Índio (Funai) em Campinápolis.