Entidades de direitos humanos concluem na próxima segunda-feira um relatório sobre agressões a homossexuais e travestis cometidas por grupos skinheads de orientação neonazista em Curitiba. A intenção é entregar o documento ao procurador-geral do Ministério Público Estadual (MPE), Olympio de Sá Sotto Maior Neto, para que tome providências em relação às investigações. Uma reunião com Sotto Maior já foi solicitada. O relatório também será entregue ao governo do estado.

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Além do relatório, estudantes da Universidade Federal do Paraná (UFPR) agendaram para os dias 15 e 18 manifestações contra a intolerância sexual e racial. Os alunos sairão da Praça Santos Andrade em direção ao Centro Cívico entregando panfletos informando como é a ação de grupos neonazistas e sobre a importância da denúncia de agressões.

Ambas as ações foram motivadas após um estudante da UFPR ser agredido com socos, chutes e pedradas por cerca de dez homens de cabelos raspados, usando suspensórios e calçando coturnos – características de skinheads neonazistas. Por causa da agressão, no dia 23, o rapaz teve duas fraturas na mandibula e terá de passar por cirurgia.

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O Centro de Referência João Antônio Mascarenhas – que presta atendimento jurídico, social e psicológico gratuito a homossexuais e travestis vítimas de violência e discriminação – registrou em março outras duas agressões com suspeita de envolvimento de skinheads. Dois travestis procuraram o centro bastante machucados, mas acabaram indo embora de Curitiba com medo de novas represálias. Um deles chegou a perder a visão de um dos olhos, ao ser atingido por spray de pimenta misturado com amoníaco. As duas agressões foram da mesma forma: homens carecas batendo com correntes, soco-inglês e tacos de beisebol com pregos na ponta.

Com o relatório nas mãos do MPE, afirma o presidente do Centro Paranaense de Cidadania e militante do movimento GLBT (gays, lésbicas, bissexuais, transsexuais e travestis), Igo Martini, a expectativa é de que a polícia passe a investigar a ação de grupos neonazistas na cidade. "Vamos solicitar uma ação semelhante à de 2005", aponta.

Martini se refere à investigação da agressão a um rapaz homossexual em setembro de 2005. O rapaz teve a barriga perfurada por uma tesoura ao ser agredido por supostos skinheads próximo à Rua 24 Horas. Após investigações da Polícia Civil, foram presas 12 pessoas suspeitas e apreendido material de cunho nazista.

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