O desabamento da recém-inaugurada Ciclovia Tim Maia, no Rio de Janeiro, chama atenção especial de imprensa internacional por acontecer a poucos meses da realização das Olimpíadas na cidade. O fato, porém, não é isolado: ao longo dos anos, o país registrou diversas tragédias semelhantes em obras públicas, causadas principalmente por problemas em projetos, na execução e na manutenção destes empreendimentos. Conheça a seguir alguns desastres semelhantes:
Ponte sobre o Rio Continguiba (BR-101/SE)
A ponte de mais de 60 anos, que fazia parte da BR-101, desabou em 2015 no município de Laranjeiras, na região metropolitana de Aracaju, em Sergipe. Àquela altura, a ponte já estava interditada para o tráfego de veículos, mas continuava sendo usada por pedestres e carroças. Com a queda, quatro pessoas ficaram feridas e 40 cavalos caíram no rio – 17 morreram. O desabamento, provocado por falta de manutenção, ainda deixou toda a região de Aracaju sem água, já que a ponte continha também a tubulação de água de duas adutoras da Companhia de Saneamento Básico.
BRT de Belo Horizonte
No mês em que seria inaugurado, julho de 2014, o viaduto Batalha dos Guararapes, que fazia parte do projeto do BRT de Belo Horizonte, desabou, atingindo dois caminhões, um carro e um micro-ônibus. Duas pessoas morreram e 22 ficaram feridas. Devido aos danos na estrutura, o viaduto foi implodido em setembro. Segundo laudo do Instituto de Criminalística da Polícia Civil, que investigou o caso, erros de cálculos no projeto, redução de material na construção da estrutura e dimensão indevida dos blocos de sustentação dos pilares foram as principais causas do desabamento. Quando desabou, a obra já estava sob investigação do Ministério Público por erros na execução, atraso e superfaturamento. As empresas responsáveis pela obra eram Consol Engenheiros Consultores (projeto) e Cowan (execução).
Rodoanel Mário Covas
As obras do anel viário que tem por objetivo aliviar o tráfego de caminhões nas marginais Pinheiros e Tietê, em São Paulo, foram divididas em quatro trechos, dos quais três tiveram problemas com desabamentos. O de maior repercussão foi o do trecho sul. Em novembro de 2009, três vigas de sustentação de um viaduto em construção no km 279 do trecho sul desabaram sobre um caminhão e dois carros, ferindo três pessoas. Segundo análise do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo, o desabamento foi causado por falta de horizontalidade das bases de apoio, insuficiência de atrito das vigas com a base de apoio e falta de travamento adequado das vigas. O consórcio responsável pela obra era composto pelas empresas Dersa, OAS, Mendes Júnior e Carioca. O inquérito que investigaria o então governador José Serra (PSDB) por improbidade administrativa e má gestão foi arquivado.
No trecho norte, também de responsabilidade da empresa Dersa, um túnel que estava sendo escavado desabou, sem vítimas. No trecho leste, houve o rompimento de um molde de viga, que matou um funcionário e feriu outro. À época, a obra do trecho foi embargada por não oferecer segurança aos funcionários.
Ponte sobre a Represa Capivari (BR-116)
A ponte sobre a represa Capivari, na BR-116, que liga Curitiba a São Paulo, desabou em janeiro de 2005, matando duas pessoas e deixando outras três feridas. O Dnit atribuiu a queda da ponte ao acúmulo de água da chuva no canteiro central, devido às torrenciais chuvas registradas à época. O Ministério Público Federal apurou, porém, haver falta de manutenção nos dutos de escoamento da água das chuvas, de impermeabilização e contenção do aterro onde a água vinha se acumulando. Devido a isso, o MPF entrou com uma ação de improbidade administrativa contra o Dnit (e seus representantes no Paraná), a União, o ex-ministro dos Transportes Alfredo Nascimento e a Empresa Curitiba de Saneamento e Construção Civil (Empo). A ação segue na Justiça.
Ponte Presidente Roosevelt (Sete Quedas/Guaíra)
Em janeiro de 1982, a ponte Presidente Roosevelt, que dava acesso ao salto 19 das Sete Quedas, em Guaíra, desabou, causando a morte de 32 pessoas. Outras seis foram salvas por pescadores da região. Segundo as investigações, a queda da ponte foi causada pela falta de manutenção e pela intensa visitação às quedas - ambos relacionados à construção da Usina de Itaipu, cuja represa cobriria as Sete Quedas.
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