Nos últimos 12 meses, moradores de Curitiba e Região Metropolitana que dependem dos ônibus como meio de transporte enfrentaram problemas para se deslocar em sete ocasiões. Sejam paralisações-surpresa de algumas horas ou greve anunciada, a justificativa apresentada pelo Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana (Sindimoc) a cada paralisação não difere muito da anterior: atrasos recorrentes no pagamento dos salários e benefícios e impasses sobre questões como assédio moral e punições rigorosas.
Relembre:
Fevereiro e março de 2014 - Durante quatro dias, na véspera do feriado de carnaval, houve greve geral dos motoristas e cobradores em Curitiba e região metropolitana. Sem acordo sobre o reajuste salarial, os trabalhadores cruzaram os braços e quem sofreu foi a população. No primeiro dia (26/02) 100% da frota parou, contrariando a decisão de véspera da Justiça do Trabalho que pediu a manutenção de uma frota mínima. Nos demais dias, a categoria foi obrigada a manter 50% do efetivo nos horários de pico e 30% nos demais períodos. Na manhã de 2 de março, antes de a greve terminar, 68% da frota estava operando.
Abril de 2014 - Um protesto atrasou a saída dos ônibus da empresa São José Urbano. A reclamação era da impossibilidade de defesa prévia dos funcionários em casos de desconto nos salários. A situação só foi pacificada em junho, depois de uma greve que teve a conciliação feita pelo Tribunal Regional do Trabalho.
Maio de 2014 - Atrasos nos pagamentos levaram o Sindimoc a impedir que ônibus saíssem das garagens no dia 8 desse mês, atrasando o início da circulação dos coletivos.
Junho de 2014 - No dia 26 desse mês, data de um jogo da Copa do Mundo em Curitiba, todos os ônibus circularam sem cobrar passagem dos usuários. A "greve branca" durou um dia, apenas. No dia seguinte, porém, nenhum ônibus deixou as garagens, o que afetou o funcionamento do comércio e de diversos estabelecimentos, como hospitais. A greve chegou ao fim depois de uma conciliação do TRT. Ainda no início desse mês, o Sindimoc impediu a circulação de alguns ônibus sem cobradores, em razão da proibição da dupla-função dos motoristas. O caso só foi resolvido em agosto, quando os micro-ônibus passaram a aceitar apenas o cartão-transporte como pagamento.
Agosto de 2014 - Um protesto impediu a saída dos ônibus da garagem Auto Viação São José dos Pinhais, na região metropolitana , no dia 25. Durante duas horas, nenhum coletivo saiu. Os funcionários reclamavam de problemas que estariam enfrentado com a empresa, como assédio moral e punições rigorosas.
Dezembro de 2014 - O mês começou com greve no transporte municipal de Araucária e continuou com paralisações em Curitiba. Usuários do transporte coletivo atendidos por seis empresas ficaram sem ônibus durante uma hora na manhã do dia 22. Os trabalhadores paralisaram as atividades por falta de pagamento do vale. No dia 29, um novo protesto relâmpago, motivado pela falta de pagamento da quinzena dos motoristas, paralisou a circulação dos ônibus no centro de Curitiba.
Janeiro de 2015 - No dia 09 de janeiro a Praça Nossa Senhora de Salete, no Centro Cívico, foi transformada em estacionamento para ônibus do transporte coletivo de Curitiba e região metropolitana. A ação era parte de uma paralisação convocada pelo Sindimoc e, durante quatro horas, entre 10 e 14 horas, deixou os usuários de ônibus a pé. A razão do protesto eram os atrasos recorrentes no pagamento dos funcionários em decorrência da suspensão dos repasses que deveriam ser feitos pela prefeitura e governo estadual às empresas de ônibus. Já naquela semana os trabalhadores alertaram sobre a iminência de uma greve geral caso os débitos não fossem quitados. Para tentar impedir a greve, a prefeitura de Curitiba depositou, em caráter emergencial, R$ 3,8 milhões no Fundo de Urbanização de Curitiba (FUC). O dinheiro foi utilizado para pagar parte da dívida acumulada com as empresas de ônibus. Diante do atraso no pagamento do adiantamento salarial de 40%, previsto para o dia 20 de janeiro, o Sindimoc convocou nova greve, que resultou na paralisação total da rede de transporte coletivo, deixando mais de 2 milhões de usuários a pé.
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