Brasília O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), vai prestar depoimento hoje, às 18 horas, em sessão fechada do Conselho de Ética, para os três relatores do processo de número um contra ele no órgão. O peemedebista será ouvido pelos senadores Marisa Serrano (PSDB-MS), Renato Casagrande (PSB-ES) e Almeida Lima (PMDB-SE) na investigação sobre suspeita de que teria suas despesas pessoais pagas pelo lobista Claudio Gontijo, da empreiteira Mendes Júnior.
Renan vai estar acompanhado por um perito, contratado por ele, e que o ajudará a esclarecer dúvidas que constam no laudo feito pela Polícia Federal (PF) nos documentos apresentados na sua defesa. O senador fez questão de anunciar no Plenário que prestaria esclarecimentos no dia seguinte de a perícia da PF ter sido entregue ao presidente do Conselho de Ética, Leomar Quintanilha (PMDB-TO).
Em rápido discurso, de apenas um minuto, e no qual salientou os pontos que considera positivos na perícia, Renan disse que "como se trata de laudo técnico, tratará do assunto de modo técnico". Ele destacou que todos os documentos apresentados por ele são autênticos, comprovam que possuía recursos para fazer face às despesas e que o gado comercializado foi vendido a preços de mercado.
"O dinheiro produzido por todas as vendas foi depositado em minha conta bancária", afirmou. Por fim, Renan, que é alvo de três processos por suposta quebra de decoro, salientou o "clima de cordialidade" que o Senado Federal vive.
Também ontem, Quintanilha anunciou que pretende levar à votação o relatório do primeiro processo contra Renan no próximo dia 30. Advertido sobre a possibilidade de algum senador pedir vistas, o que poderá adiar a apreciação do texto final, avisou: "Se houver pedido de vista não será elástico".
O presidente do Conselho de Ética afirmou que Renan foi notificado na terça-feira à noite de que teria até a próxima segunda feira, dia 27, para apresentar sua defesa e que o presidente do Senado só prestará depoimento para os 16 integrantes do colegiado se o próprio quiser. "Se for de seu desejo, e para assegurar sua ampla defesa, ele poderá se manifestar depois da apresentação do relatório", disse Quintanilha.
Aliado de Renan, um dos relatores do processo, Almeida Lima, defendeu que os esclarecimentos de Renan hoje sejam feitos à portas fechadas. "As reuniões são sempre reservadas. Não há razão para ser diferente", afirmou. Até agora todos os depoentes prestam esclarecimentos para todos os integrantes do Conselho de Ética. Apenas as reuniões dos relatores têm sido fechadas. Além de Renan, os relatores vão ouvir os representantes do PSol, entre eles o senador José Nery (PA), autores da representação contra o presidente do Senado.