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Perícia - Técnicos da Casa e PF vão vistoriar novos documentos

A Secretaria-Geral de Controle Externo do Senado e a Polícia Federal irão vistoriar os novos documentos apresentados pelo senador Renan Calheiros ao Conselho de Ética do Senado. A decisão foi tomada ontem pelo presidente do conselho, Sibá Machado (PT-AC), que ainda não encaminhou o material para perícia, alegando estar à espera dos originais. Mas promete fazê-lo o mais rápido possível.

O objetivo das perícias é verificar se o presidente do Senado utilizou notas frias para justificar parte de sua renda financeira com a venda de gado. Sibá pretende definir que os peritos concluam o trabalho até terça-feira – quando o conselho se reúne e deve votar o relatório que sugere o arquivamento das denúncias contra Renan. Até o início da noite havia uma polêmica no conselho sobre como seriam periciados os documentos. Para alguns parlamentares, o ideal seria que o Senado participasse da análise.

Outros senadores propuseram que as análises fossem feitas pelo Tribunal de Contas da União, pela Polícia Federal, pelo Instituto Nacional de Criminalística ou pela Receita Federal. Os documentos foram apresentados por Renan, pouco antes da sessão de ontem do Conselho de Ética.

Brasília – O presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), e os aliados deles foram derrotados ontem no Conselho de Ética do Senado, pela terceira vez, na tentativa de enterrar logo o processo aberto para investigar a suspeita de quebra de decoro parlamentar dele por, supostamente, ter despesas pessoais pagas com dinheiro de um suposto lobista da empreiteira Mendes Júnior, Cláudio Gontijo. Antes, Renan havia tentado evitar a abertura do processo, feita a pedido pelo PSol. Na quarta-feira, apesar da pressão dos aliados, o presidente do Conselho de Ética, Sibá Machado (PT-AC), teve de abrir "vista coletiva" dos documentos a todos os senadores e adiar a reunião para ontem de manhã.

Ontem, temendo ser alvo de uma nova investigação – de que teria apresentado notas frias para justificar os rendimentos agropecuários –, o presidente do Congresso manobrou para evitar que a denúncia também venha a ser apurada no Conselho de Ética. Renan propôs, e foi acatada, a sugestão de submeter a uma perícia os recibos sobre a venda do gado de suas fazendas, antes de votar – na terça-feira – o parecer em que o relator Epitácio Cafeteira (PTB-MA) manda arquivar o processo.

Ainda por sugestão de Renan, transmitidas por telefone ao líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), ficou acertado que o Conselho de Ética ouvirá dois depoimentos na tarde de segunda-feira: o de Gontijo e o do advogado da jornalista Mônica Veloso, Pedro Calmon. Calmon decidirá hoje se comparecerá ou não, após ouvir a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e de conhecer os motivos que levaram o conselho a requerer a presença.

De acordo com uma reportagem da revista Veja, a jornalista, com quem Renan tem uma filha de 3 anos, receberia das mãos do suposto lobista da Mendes Júnior, na sede da empreiteira, dinheiro para pagar o aluguel, de R$ 4 mil, e os R$ 8 mil da pensão alimentícia. Como prova da suposta inocência, o presidente do Senado mandou para o conselho e a Corregedoria da Casa recibos que, segundo ele, comprovariam o recebimento de recursos suficientes para bancar essas despesas. A origem do dinheiro, que seria a venda de gado, foi posta em suspeita, após o Jornal Nacional, da Rede Globo, localizar "compradores" que negaram a transação.

A estratégia encabeçada por Renan surpreendeu os próprios aliados. Eles chegaram à Casa devidamente instruídos para aprovar o parecer de Cafeteira. Para o senador Gilvan Borges (PMDB-AP), seria este o melhor procedimento "para evitar que a situação de Renan se complique". O senador Wellington Salgado (PMDB-MG) alegou que adiar a votação seria "transferir o sangramento do presidente para a terça-feira". "Ele tem todas as notas para provar sua inocência", insistiu.

Principal intermediário de Renan no conselho, Jucá atribuiu a mudanças de planos à "conjuntura" provocada sobre a origem do dinheiro depositado nas contas do peemedebista. "O quadro mudou e o presidente não quer deixar dúvidas sobre a sua situação", justificou. Ao fim da reunião do conselho, o líder e outros parlamentares da base aliada do governo foram se encontrar com Renan, na residência oficial do Senado.

Na abertura da sessão o líder do governo, senador Romero Jucá, afirmou que o presidente do Senado repassou ao conselho cheques nominais, notas fiscais, declarações de vacinação contra febre aftosa e Guias de Trânsito Animal emitidas pelo Ministério da Agricultura para comprovar que rendimentos de R$ 1,9 milhão declarados nos últimos quatro anos foram provenientes da venda de gado.

"Estou de posse de documentos que efetivamente comprovam a comercialização, a posse e o recebimento pelo presidente Renan dos valores declarados no Imposto de Renda", disse Jucá. "E pasmem os senhores, todas as transações foram feitas com cheque nominal."

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