Congresso - Playboy com Mônica Veloso faz sucesso entre parlamentares
As duas bancas de jornal do Congresso registraram ontem um elevado quórum de anônimos funcionários do Legislativo que se apressaram para comprar a revista Playboy que trouxe na capa a jornalista Mônica Veloso, pivô da crise que envolve o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
A banca principal, da Chapelaria, na entrada do Parlamento, vendeu 40 edições o dobro da média mensal em apenas quatro horas. Ao todo, apenas ontem 150 dos 200 exemplares disponíveis ali foram vendidos.
"Foi um verdadeiro fuá. Nunca pensei que a chegada da revista da Mônica fosse gerar tanta curiosidade aqui", resumiu um dos funcionários da banca da Chapelaria, José Erinaldo Silva Pereira.
Pessoalmente, afirmaram os funcionários tanto da banca da Chapelaria quanto a do Anexo 4, nenhum senador ou deputado comprou a revista. "Eles mandaram os assessores, né? Fica chato aparecerem aqui para fazer esse tipo de compra", analisou um deles.
Brasília Sob o fogo cruzado de senadores governistas e da oposição, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), trocou farpas na tarde de ontem com os senadores Demóstenes Torres (DEM-GO) e Aloízio Mercadante (PT-SP). O senador democrata exibiu no plenário trechos de uma gravação em que o advogado Heli Dourado confirma que o assessor especial de Renan, Francisco Escórcio, negociou material para espionar Demóstenes e o senador Marconi Perillo (PSDB-GO). Renan já determinou o afastamento temporário do assessor.
Renan acusou Demóstenes de transformar o Senado em "delegacia de polícia" ao exibir aos parlamentares o áudio da gravação. O peemedebista negou pedido de Demóstenes para discursar além dos cinco minutos previstos pelo regimento, o que provocou um bate-boca entre os dois.
"Vossa Excelência usou por muito mais tempo. Exijo a mesma coisa", disse o democrata. "A Mesa não vai debater com Vossa Excelência", rebateu Renan da cadeira da presidência da Casa.
O senador foi alvo de mais de uma hora de apelos para que se afaste do cargo. Visivelmente nervoso, Renan rebateu argumentos apresentados pelos parlamentares que defendem o seu afastamento especialmente no que diz respeito à ação de espionagem contra Demóstenes e Perillo.
O presidente do Senado também se indispôs com o senador Mercadante depois que o petista cobrou seu afastamento. Renan negou-se a debater com Mercadante e encerrou seu discurso na Casa. O senador petista reagiu à ação de Renan. "Vossa Excelência se engrandeceria muito mais se continuasse o debate e prestigiasse esta Casa se afastando da presidência do Senado. Os senadores da minha bancada consideram imprescindível essa atitude. E, pela nossa relação e atitude que eu tive, não merecia a atitude que Vossa Excelência teve."
Já líder do PMDB no Senado, Valdir Raupp (RO), sugeriu que o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) recorra ao DEM para retomar sua vaga na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. Raupp considera que o alinhamento político de Jarbas está próximo da oposição, por isso deveria sugerir aos democratas que cedam uma de suas vagas na CCJ para retornar à comissão.
Cinco integrantes da Juventude Popular Socialista do PPS foram presos ontem no Senado quando protestavam contra a falta de ética na política. Os manifestantes do Senado saíram desfilando pelos corredores, em fila indiana, vestidos de franciscanos e prometendo distribuir sandálias semelhantes às que usavam quando foram abordados pelos seguranças.
Os manifestantes distribuíram um documento no qual afirmam que o Senado "está em pane", sobretudo no que diz respeito aos princípios e conceitos éticos. Com ironia, o texto diz que "é votando que se recebe" e afirma que aqueles que insistem numa postura ética são punidos, como aconteceu com os senadores Vasconcelos e Pedro Simon (PMDB-RS), também afastado da CCJ. Jarbas e Simon, que foram prestar solidariedade aos manifestantes, aproveitaram para responsabilizar Renan pelo clima de confusão e descrença que a Casa vive.
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