Evolução
Número de casos antecipa surto
O número de notificações de dengue em janeiro 2011 no estado já é duas vezes e meia maior do que o mesmo período do ano passado. Em janeiro de 2010, o Paraná teve 1.919 notificações e 565 confirmações de casos da doença. No primeiro mês deste ano, foram 5.081 notificações e 894 casos confirmados.
O coordenador da Sala de Situação da Dengue da Sesa em Londrina, Ronaldo Trevisan, diz que o estado enfrenta uma mudança de comportamento em relação à infestação do mosquito e início de surtos ou epidemias de dengue. Nos anos de 2002 e 2003, por exemplo, o registro de um grande volume de casos da doença foi confirmado apenas no final de fevereiro. O atual surto de dengue começou a se manifestar em dezembro passado, quando Jacarezinho, no Norte Pioneiro, registrou vários casos da doença.
Além dessa mudança, Trevisan alerta ainda para outro agravante. "O mosquito também se aprimora na sua forma de reprodução e busca novos criadouros. Tanto que ele se perpetua há muito tempo".
De acordo com o último boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) na última segunda-feira, o Paraná possui até agora 7.158 notificações e 922 confirmações de dengue. Pelo menos uma pessoa morreu por causa da doença no estado. Outra morte está sob investigação.
Londrina - Uma pulseira à base de óleo de citronela, planta apontada como repelente natural para o mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, já está à venda em algumas farmácias do Paraná. Ao exalar o odor da citronela, o fabricante garante que a pulseira mantém longe diferentes tipos de insetos. Mas a eficácia desse produto, assim como de outros tipos de repelentes, é questionada por autoridades de saúde e especialistas da área.
Licenciada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a pulseira de citronela tem eficácia de 87%, segundo o empresário Diego Reis, da Bye Bye Mosquito, que comercializa o produto há cinco anos no Brasil. Segundo ele, o efeito tem duração de 120 horas. Feito de plástico, o acessório pode ser usado em qualquer ambiente. "O produto é atóxico", diz Reis. A restrição ao uso fica para crianças de 0 a 3 anos.
"Estamos exportando [as pulseiras] para África para combater o mosquito da malária", conta. Apesar de atestar que o produto funciona, ele diz que é impossível garantir que o usuário da pulseira nunca será picado por um inseto. "Usar a pulseira é um dos métodos preventivos".
De acordo com a especialista em cosmético da Anvisa, Erica França, a pulseira tem a vantagem de não exigir a aplicação do produto no corpo todo, como as fórmulas em loção ou spray. "Esses produtos são coadjuvantes. Se a gente aplicar de manhã, não quer dizer que vai ficar protegido o dia todo", compara. Ela afirma que a pulseira repele os mosquitos pelo odor natural da planta.
Em relação ao uso de repelentes convencionais, Erica orienta os consumidores a seguirem as recomendações dos fabricantes sobre prazo de reaplicação, verificar restrições de uso, reações alérgicas possíveis e se possui registro na Anvisa.
Ela diz que não existe um produto específico para repelir o Aedes aegypti. Para aprovar um repelente, a Anvisa realiza testes com três tipos de mosquito, entre eles o da dengue. Mas a recomendação das autoridades sanitárias é, sempre, seguir as orientações do Ministério da Saúde (MS) para eliminar os criadouros do mosquito, evitando depósitos de água limpa e parada.
O entomólogo pesquisador que estuda insetos e professor da Universidade Estadual de Londrina (UEL), José Lopes, teme que a divulgação do uso de repelentes atrapalhe as campanhas de combate à dengue, caso a população deixe de tomar os cuidados básicos de prevenção. Para ele, o produto ajuda a se proteger "no auge da guerra", ou seja, numa eminência de epidemia. "O repelente é importante, principalmente, para as pessoas que estão com dengue. Elas são o reservatório que vai contaminar um monte de mosquitos", justifica. Segundo o professor, armadilhas contra o mosquito não funcionam, assim como plantar a citronela no quintal de casa. "Ela não repele [os insetos] por mais de 10 minutos. Nosso problema não é repelir, mas evitar que o mosquito se reproduza".
Autoridades da Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) e Secretaria Municipal de Saúde de Londrina reforçam a recomendação para que os focos do mosquito sejam eliminados. "Repelente pode ser útil para uma região infestada. Mas dificilmente essas ações dão resultado", avalia o superintendente de Vigilância em Saúde da Sesa, Sezifredo Paz.
A médica infectologista do Hospital Universitário (HU) de Londrina, Jaqueline Dario Capobiango, atenta que, para ter uma boa resposta, o produto precisa ser reaplicado a cada duas ou três horas. "Todo repelente tem risco de provocar alergias", acrescenta. Ela diz que o uso é eficaz apenas para as pessoas que vão ficar expostas a um ambiente com mosquitos durante um curto período. "Mas isso não serve para o dia a dia".
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