O jornalista Mauri König, da Gazeta do Povo, é um dos 50 profissionais da imprensa mundial convidados a participar, a partir de hoje, do 7.° encontro internacional promovido pelo Centro Rainha Sofia para o Estudo da Violência, em Valência, na Espanha. Até sábado, o evento vai discutir qual a melhor maneira de abordar o tema da violência relacionada à infância na mídia. A entidade, presidida pela rainha Sofia, da Espanha, realiza investigações científicas sobre os fatores da violência e elabora documentos com diretrizes, recomendações, conselhos e sugestões de efeito prático para combater o problema.
Para o seminário deste ano, o Centro Rainha Sofia selecionou jornalistas de 50 países (um por país), seguindo um criterioso processo de avaliação, com análise do currículo e do trabalho de cada um. A triagem incluiu pesquisas na internet, análise da profundidade e impacto do trabalho por eles desenvolvidos e o reconhecimento deste trabalho em âmbito internacional.
Com 16 anos de carreira, dos quais oito desenvolvendo regularmente reportagens sobre infância e adolescência, König será o único representante do Brasil no encontro. Para ele, o convite se deve à repercussão de duas séries de reportagens. A primeira, intitulada "Mentiras encobrem crimes nos quartéis", revelou casos de adolescentes de 12 a 18 anos que eram recrutados e mortos de forma violenta nos quartéis do Paraguai. Em cinco meses de investigação, König descobriu e relacionou o nome de 109 vítimas fatais do serviço militar paraguaio. O material foi publicado em duas partes no jornal O Estado do Paraná e suscitou discussões no Paraguai a ponto de o Congresso desengavetar um projeto que tornaria facultativo o recrutamento para o serviço militar. A reportagem rendeu duas premiações internacionais: o Prêmio de Direitos Humanos da Sociedade Interamericana de Imprensa e o Prêmio Lorenzo Natali.
A outra série foi publicada, também em duas partes, na Gazeta do Povo. É a série "A infância no limite", publicada em 2004 e em 2005. Ao lado do repórter fotográfico Albari Rosa, o jornalista percorreu 28 mil quilômetros pelas fronteiras do Brasil com dez países para mostrar a dinâmica das redes de tráfico de pessoas e exploração sexual de crianças e adolescentes nessas regiões. Essas viagens, que duraram três meses ao todo, permitiram revelar o problema numa amplitude até então não realizada no Brasil. "Fizemos um mapa com as rotas da exploração, mostrando de onde as meninas eram tiradas e para onde eram enviadas para fins de exploração sexual comercial", diz König. A primeira parte da série ficou em terceiro lugar no Prêmio Lorenzo Natali de 2006.
Agora, König terá a oportunidade de debater com especialistas de todo o mundo formas de melhorar a cobertura. "De forma geral, a imprensa se preocupa pouco em apresentar as causas e menos ainda em apresentar soluções. Em uma cobertura ideal seria importante narrar os casos de violência com a trajetória e história de vida das vítimas e dos agressores, pois suas biografias revelam os determinantes sociais, culturais e econômicos, o que poderia revelar causas, contextos e fatores que os levaram à violência", explica.
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