A reprovação na trajetória escolar é o elemento de maior impacto negativo na aprendizagem do estudante. Embora utilizada para corrigir as falhas ocorridas no passado, a repetição de um determinado ano de estudo pode trazer “problemas de estigmatização e motivação”.
Essa é a avaliação de estudo da Unesco (braço da ONU para educação e cultura) sobre elementos que influenciam a rotina escolar em 15 países da América Latina. O documento aponta 14 sugestões de políticas públicas com foco no aluno, no docente e na escola.
Divulgado nesta quinta-feira (30), o relatório foi elaborado a partir da coleta de informações e aplicação de provas, em 2013, para 134 mil crianças do ensino fundamental da rede pública e privada da região. No Brasil, o chamado Terce (3º Estudo Regional Comparativo e Explicativo) foi aplicado a estudantes do 4º e 7º ano.
“A repetição, supostamente destinada a melhorar a aprendizagem dos alunos, aparece como um mecanismo ineficaz que se associa a uma menor aprendizagem”, diz trecho do documento. Para a agência da ONU, é “indispensável” buscar alternativas para o uso da reprovação apenas em “situações excepcionais”. Assim, afirma a Unesco, é preciso desenvolver programas, com prazo determinado, para dar apoio aos estudantes repetentes em disciplinas específicas.
Seleção em escolas
Também são sugeridas maior atenção à educação de crianças entre 4 e 6 anos (pré-escola) e adoção de medidas para reduzir o impacto de desigualdades socioeconômicas no desempenho do aluno em sala de aula.
“Nesse cenário, é indispensável uma política de atração e retenção de docentes em contextos vulneráveis. Essa estratégia deve incluir incentivos econômicos e condições de trabalho que promovam o desenvolvimento profissional”, afirma a agência.
Fortalecer a formação inicial dos professores e garantir oferta de material didático para cada aluno são outros fatores apontados como relevantes no estudo.
Para as escolas, a Unesco sugere ainda o apoio a estudantes mais pobres e equidade de acesso às unidades. “É indispensável proibir explicitamente os processos de seleção, direta ou indiretamente, nas escolas que recebem recursos públicos”, diz a agência.
Níveis de desempenho
Os dados divulgados hoje detalham ainda o desempenho dos estudantes, distribuídos em quatro níveis de aprendizagem. Segundo o relatório, por exemplo, 83% dos alunos do 7º ano estão nos dois níveis mais baixos em conhecimentos de matemática. Esse grupo resolve problemas simples que envolvam frações, mas têm dificuldades em solucionar questões que envolvam ângulos.
Ao detalhar os níveis de desempenho, a intenção é compreender o que esses alunos sabem e são capazes de fazer para, a partir disso, desenvolver estratégias para melhorar aprendizagem.
No Brasil, o percentual de alunos concentrados nesses primeiros níveis é de 83,3%, próximo à média regional. De uma forma geral, o país apresentou resultados semelhantes ou superiores aos demais países.
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