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Brasília - Novos dados sobre o desmatamento da Amazônia mostram que o ritmo da devastação está mais acelerado nas reservas ambientais, cuja proteção cabe ao Ministério do Meio Ambiente, do que nos assentamentos da reforma agrária. Relatório divulgado ontem pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) afirma que o corte raso em áreas protegidas fez desaparecerem, em setembro, 22,1 quilômetros quadrados (km2) de floresta, o equivalente a 6,3% da devastação no período. Nos assentamentos, a destruição foi de 19,8 km2, ou 5,7% do total.

Para o pesquisador Adalberto Veríssimo, um dos coordenadores do estudo do Imazon, os resultados são preocupantes tanto nas reservas quanto nos assentamentos. No entanto, ele afirma que as áreas protegidas deveriam estar totalmente imunes ao avanço das motosserras. "É esperado que haja tensão nos assentamentos, onde a maioria dos agricultores ainda se baseia no modelo de corte e queima para plantar. Mas as unidades de conservação ambiental foram criadas para proteger a floresta e deveriam ter desmatamento zero", alerta.

Há um mês, o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, abriu polêmica no governo ao divulgar uma lista em que seis assentamentos lideravam o ranking dos cem maiores desmatadores da Amazônia. A relação irritou o ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, que acusou o colega de divulgar dados incorretos e jogar a culpa pelas derrubadas na reforma agrária. Minc disse ter divulgado a lista sem conhecer seu conteúdo, mas depois insistiu que os números estavam certos, embora tenha desistido de punir o Incra com multas milionárias.

De acordo com o Imazon, a destruição nas reservas ambientais atingiu o índice mais alarmante na Floresta Nacional do Jamanxim (PA), onde foram derrubados 4,8 km2 de florestas em setembro. Em segundo lugar, ficou a Floresta Nacional do Bom Futuro (RO), com 4,2 km2 de devastação. Em terceiro, empatadas, aparecem as Florestas Nacionais de Altamira (PA) e Saracá-Taquera (PA), com 3,8 km2 destruídos.

O resultado nessas quatro reservas ambientais foi pior do que o registrado no assentamento Terra Nossa, em Altamira (PA), que liderou o ranking do desmatamento em lotes de reforma agrária em setembro. Lá, os satélites flagraram a derrubada de 3,4 km2 de florestas. A lista segue com os assentamentos Campos do Pilar, em Alenquer (PA), com 3,1 km2 devastados; e Mercedes-Benz, em Tabaporã (MT), onde a destruição foi de 2,7 km2.

Os dados do Imazon levam em conta apenas as áreas em que houve corte raso das árvores — ou seja, onde a destruição da floresta já é considerada irreversível. Apesar de denunciar as derrubadas em reservas ambientais e assentamentos, o relatório deixa claro que as terras griladas e particulares ainda são as grandes vilãs do desmatamento da Amazônia. Nessas áreas, a devastação foi de 303 km2, ou 87,1% do total. A destruição em terras indígenas foi de 2,8 km2 (0,8%). Minc disse que vai anunciar, na quarta-feira, a criação de 40 planos de manejo para unidades de conservação.

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