Médicos residentes de todo o país paralisaram suas atividades ontem. Só em Curitiba, 640 residentes dos quatro principais hospitais da cidade aderiram à manifestação. O objetivo foi pressionar o governo federal, especialmente os Ministérios da Educação e da Saúde, para a aprovação de um aumento de 50% no valor das bolsas-salário. O anteprojeto de lei, assinado nesta semana, prevê correção de 30% no benefício para 2007. Os manifestantes também pediam melhores condições de trabalho.
Em Curitiba, os serviços básicos de urgência e emergência não foram prejudicados. "Hospitais e órgãos responsáveis foram avisados antecipadamente e o atendimento ocorreu sem maiores prejuízos para os pacientes", disse o presidente da Associação dos Médicos Residentes do Hospital de Clínicas, Pedro de Almeida.
O salário de um residente é de cerca de R$ 1,4 mil, para 60 horas de trabalho semanais. Segundo a categoria, no entanto, chega-se a trabalhar até 100 horas por semana. "Por causa dos plantões, há especialidades que somam 36 horas ininterruptas de atuação", afirmou Almeida. Para ele, a extensa carga horária e o estresse acabam refletindo no atendimento. "Você confiaria sua vida a alguém que ganha menos de R$ 5 por hora?", questionou o residente em anestesiologia Tiago Alencar.
O aumento no valor da bolsa foi reconhecido pelo Ministério da Educação (MEC), mas esbarrou, segundo os manifestantes, no Ministério da Saúde, que levou meses para aprovar o benefício. "Na quarta-feira (23) os ministros enviaram o anteprojeto de lei à Casa Civil e ao Congresso, levando em conta a correção inflacionária aplicada no governo Lula", disse o diretor do Departamento de Residência do MEC e secretário-executivo do Conselho Nacional de Residência Médica, Antônio Lopes. Segundo ele, o orçamento do MEC para 2007 prevê um acréscimo de R$ 30 milhões para a área. Em todo o Brasil há cerca de 17 mil médicos residentes, responsáveis por 70% dos atendimentos nos hospitais do país.