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Polícia desmantelou quadrilha que usava restaurante de fachada no Água Verde para comandar esquema de distribuição de drogas e prostituição | Gerson Klaina/Tribuna do Paraná
Polícia desmantelou quadrilha que usava restaurante de fachada no Água Verde para comandar esquema de distribuição de drogas e prostituição| Foto: Gerson Klaina/Tribuna do Paraná

Uma investigação da Divisão de Narcóticos da Polícia Civil (Denarc) desmantelou um esquema de ‘disque-drogas’ e prostituição, mantido por um falso restaurante no Água Verde, e que atendia à elite de Curitiba. Durante cinco meses, os policiais identificaram entre os usuários, ou “clientes”, uma médica, dois funcionários públicos e um suplente de vereador. Dezesseis pessoas foram presas e os usuários também serão investigados.

De acordo com a Denarc, os traficantes forneciam drogas como cocaína, crack, maconha e ecstasy. A venda era feita de várias formas, mas a principal era o disque-drogas, telefone direto que os usuários ligavam para que recebessem a droga sem que fossem descobertos. Um dos presos é apontado como o líder da quadrilha. Ele usava um restaurante falso no Água Verde para a distribuição.

“Grande parte das entregas eram marcadas nesse restaurante, que fica no bairro Água Verde. Lá dentro, havia um quarto, em que ele armazenava os objetos para a distribuição. O restaurante não recebia frequentadores, mas sim usuários”, explicou a delegada Camila Cecconello.

Para a entrega, além do restaurante falso, a quadrilha usava táxis, Uber, motoboys e prostitutas. “O líder tinha contato com várias casas de prostituição, principalmente do centro de Curitiba. Ele distribuía para prostitutas, que revendiam para os clientes. As prostitutas também recebiam drogas em motéis e festas fechadas”, explicou a delegada.

Usuários da elite

Durante as investigações, os policiais descobriram que a quadrilha fornecia cocaína para uma médica durante o plantão em um hospital. “Depois descobrimos que ela pedia a droga do plantão ou em casa, é uma usuária corriqueira. Mas muitas vezes, trabalhando, ela recebeu droga no hospital”, detalhou Camila Cecconello.

No caso da médica, que trabalhava em Unidades de Terapia Intensivas (UTIs) em pelo menos três hospitais de Curitiba, um deles particular, foi determinado pela Justiça a apuração do uso de drogas no hospital. Caso isso seja confirmado, além do emprego, a profissional pode perder o registro no Conselho Regional de Medicina (CRM).

A reportagem da Tribuna do Paraná apurou que uma funcionária da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) pediu, diversas vezes, drogas para serem entregues no local. Ela é amiga da médica investigada. Caso sejam comprovados os pedidos pelo telefone da Alep, a servidora pode ser exonerada do cargo.

Carro de campanha era usado na distribuição

Uma das mulheres presas na operação era o braço-direito do líder da quadrilha e auxiliava na distribuição de drogas. Ela é servidora da prefeitura de Curitiba e foi candidata à vereadora em uma cidade da Região Metropolitana de Curitiba. A polícia apurou que ela chegou a usar o carro da campanha para entregar drogas.

Segundo as investigações, cada um dos integrantes da quadrilha vendia, por dia, em torno de 50 buchas de cocaína, por cerca de R$ 50 cada. “Eles movimentavam grande quantia em dinheiro. Para eles, era altamente rentável”.

O líder da quadrilha foi preso em flagrante, no momento em que marcou uma entrega de drogas para a médica, no bairro Batel. Ela também foi encaminhada à delegacia, mas assinou a um termo circunstanciado e foi liberada.

Investigações

Dos 17 mandados de prisão, apenas um não foi cumprido. A operação teve apoio da Guarda Municipal (GM) de Curitiba e de São José dos Pinhais, junto com policiais da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e do Tático Integrado de Grupos de Repressão Especial (Tigre). Durante o trabalho policial, a Denarc apreendeu na casa dos investigados 85 quilos de maconha, 200 gramas de cocaína e 350 comprimidos de ecstasy. Também foram recolhidos dois revólveres calibre 38, dois coletes balísticos e celulares. Em dinheiro, os policiais encontraram cerca de 3 mil reais e US$ 95, mas a droga apreendida poderia render quase R$ 100 mil aos investigados.

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