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| Foto: Rodrigo Felix Leal/Gazeta do Povo

O dono do restaurante vegetariano da Rua São Francisco, que teve o estabelecimento depredado nesta quinta-feira (8) após ser ameaçado de morte por traficantes, ainda não sabe se vai reabrir o local. Nesta sexta (9), a depredação do Capivara Vegetarian, de Raphael Viana, era o assunto da rua, no Centro de Curitiba. O prejuízo estimado é de R$ 10 mil – mas pode ser maior. Seis pessoas entraram no restaurante e destruíram mesas, cadeiras, expositores e equipamentos eletrônico na tarde de quinta.

“Tenho recebido mensagens de pessoas que frequentavam aqui a rua nos últimos anos e que estão dispostas a reocupar o espaço. Mas ainda estou avaliando. Vou dar um tempo de uma semana para pensar melhor”, contou Viana. Na página do restaurante no Facebook, há um aviso sobre o fechamento temporário, com um pedido de desculpas pela impossibilidade de atender os clientes e um apelo pela ocupação da rua.

A depredação do restaurante teria sido uma retaliação a Viana, que foi considerado “culpado” por ter delatado à polícia que havia maconha escondida em uma floreira durante uma batida na rua. Na sequência, três pessoas entraram no seu estabelecimento, na segunda-feira (5). Uma delas, armada, o ameaçou de morte, acusando-o de ser X-9 – o que no jargão do tráfico significa ser delator. Ele registrou a ameaça na polícia e contou o episódio à imprensa.

Comerciantes que estão na rua desde antes das obras de revitalização tocadas pela gestão de Luciano Ducci, em 2010, avaliaram que o dono do Capivara Vegatarian se expôs demais na briga contra o tráfico. Jovens que circulavam pela rua, um deles consumindo maconha, ressaltaram a coragem de Viana. Mas enquanto a reportagem estava na rua, antes da chegada da PM ao local, um jovem com uma mochila nas costas passou cantando em alto e bom som o funk Caça do X-9, do MC Menor do Brasil.

A rua com vocação para a boemia e para a polêmica

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Policiamento reforçado

A presença de policiais na Rua São Francisco foi constante na manhã desta sexta-feira. A reportagem da Gazeta do Povo ficou na região por cerca de duas horas. Nesse intervalo, uma viatura descaracterizada da Polícia Civil foi ao local e três motos da Rocam permaneceram em patrulhamento na região.

A Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa também foi à Rua São Francisco nesta sexta para tratar da ameaça de morte sofrida pelo empresário. A investigação a depredação deverá ficar a cargo do 1.º Distrito Policial. Segundo Raphael Viana, dois dos seis responsáveis pela destruição do restaurante foram presos em flagrante.

Em nota, a Polícia Militar informou que o 12.º Batalhão, responsável pelo policiamento na região, está fazendo o policiamento preventivo com a radiopatrulha e a pé. A corporação também informou que dois suspeitos foram encaminhados para a delegacia, um adolescente de 17 anos e um rapaz de 23 anos.

Já a Secretaria de Estado da Segurança Pública e Administração Penitenciária (Sesp) informou em nota que “forneceu toda a estrutura necessária para atender o comerciante” e que foi oferecido a ele a possibilidade de ingressar no Programa de Proteção a Vítimas e Testemunhas Ameaçadas. Ainda acordo com a Sesp, o policiamento preventivo e ostensivo foi reforçado no local e o caso é investigado pela Polícia Civil.

Rodrigo Felix Leal/Gazeta do Povo

Depredação de restaurante é baque para ocupação da Rua São Francisco

A depredação do Capivara Vegetarian foi um novo baque para o desejo de uma ocupação saudável da Rua São Francisco. Raphael Viana, dono do restaurante, conta que sua vontade de estar naquela rua remonta à 2013. Naquele ano, a construção da praça do Bolso do Ciclista veio acompanhada de uma ocupação espontânea da via. Na época, o custo do ponto inviabilizou sua ida para lá. Menos de três anos depois e após comércios que haviam apostado na revitalização do local terem se mudado, ele recebeu um convite para locar um espaço e aceitou a empreitada.

O Capivara Vegarian havia funcionado por um ano e meio no Água Verde. A ideia de se mudar para a Rua São Francisco também teve a ver com o custo do aluguel, mas era um sonho antigo do empresário. “Eu acredito na rua. Já tive convites para ir para shopping, mas sempre quis empreender em comércio de rua”, diz.

O estabelecimento de Viana está instalado entre as ruas Riachuelo e Presidente Farias, exatamente a quadra da Rua São Francisco que, segundo comerciantes, está tomada pelo tráfico. A via tem apenas duas quadras e a de cima não vive esse problema na mesma dimensão, avaliam os comerciantes. No início, entretanto, a tentativa de revitalização atingiu as duas quadras. O problema é que junto com os novos frequentadores vieram os traficantes e a insegurança afastou parte desse público.

“No início a ocupação se deu por pessoas de classes sociais mais altas. Depois vieram os jovens da periferia. O que também não vejo problema, porque a rua também é deles. A rua é de todos. O problema é o tráfico. Instalamos um palco aqui dois fins de semana atrás e duas mil pessoas vieram para cá. Não teve drogas. Não teve violência”, conta.

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