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Típica da Mata Atlântica, tiriba-de-testa-vermelha pode ser vista na região de Guaratuba | Daniel Castellano / Gazeta do Povo
Típica da Mata Atlântica, tiriba-de-testa-vermelha pode ser vista na região de Guaratuba| Foto: Daniel Castellano / Gazeta do Povo

US$ 198 milhões é o valor anual necessário para investir em restauração florestal e pagar proprietários de áreas agrícolas para manter a biodiversidade semelhante à de áreas de proteção.

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Com menos de US$ 200 milhões por ano, o Brasil poderia restaurar a Mata Atlântica em propriedades agrícolas, a ponto de recuperar 30% da cobertura florestal em 7,8 milhões de hectares do bioma. Essa porcentagem seria suficiente para manter, nas propriedades rurais, a biodiversidade e os serviços ambientais em níveis semelhantes aos encontrados em áreas de proteção.

As conclusões são de um estudo internacional coordenado por cientistas da Universidade de São Paulo (USP) e do Imperial College (Reino Unido) e publicados na edição da última sexta-feira da revista Science. O artigo, resultado de quase dez anos de estudos, determinou pela primeira vez o limiar da biodiversidade em áreas desmatadas na Mata Atlântica: quando a cobertura florestal fica abaixo dos 30%, há uma redução abrupta da diversidade biológica e dos serviços ecossistêmicos, como produção de água, polinização, regulação do clima e controle de pragas.

Considerando esse limiar, os pesquisadores puderam calcular quanto seria preciso pagar aos proprietários rurais para que garantissem a conservação de áreas prioritárias. O levantamento dos dados, que envolveu mais de cem pesquisadores, foi coordenado por Jean Paul Metzger, Renata Pardini e Marianna Dixo - da USP. A publicação na Science é liderada por Cristina Banks-Leite, do Imperial College.

Pagamento

Segundo Metzger, com US$ 198 milhões – o equivalente a menos de 0,01% do PIB brasileiro –, o país poderia pagar os proprietários para restaurarem cerca de 400 mil hectares de florestas em suas terras. Em conjunto com as áreas de florestas ainda intactas, essas extensões restauradas garantiriam a cobertura florestal acima dos 30% em uma área rural de 7,8 milhões de hectares. "É um investimento relativamente modesto, se levarmos em consideração o benefício que traria para o país. Isso é equivalente a apenas 6,5% do que o Brasil já investe em subsídios agrícolas", diz.

Para a conta, os cientistas combinaram estimativas de custos de restauração com o valor médio repassado a proprietários de terra nos programas de pagamento por serviço ambiental existentes. O valor inclui o pagamento aos proprietários e o investimento na restauração ativa da floresta, que corresponde a cerca de três quartos do valor total. "Depois de três anos, a floresta passa a se regenerar sozinha. A partir daí, o país gastaria apenas 0,0026% do PIB com o pagamento", afirma.

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