Brasília – Parecer dado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), interpretando com maior rigor a regra da verticalização eleitoral, embaralhou completamente as negociações dentro dos partidos para a formação das alianças estaduais. Às vésperas da homologação das chapas regionais, existem incompatibilidades entre aliados políticos em quase todos os estados.

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No entendimento de seis dos sete ministros do TSE, nenhum partido pode fazer, no plano estadual, coligação diferente da que houver sido feita no plano nacional. A regra é válida mesmo que o partido em questão não tenha lançado candidato à Presidência da República.

Segundo parlamentares, a tendência é que várias composições sejam desfeitas oficialmente e muitas "alianças brancas" (acordos informais) sacramentadas, à revelia da lei. "Aconteceu um terremoto eleitoral e temos de avaliar todos os cenários", avalia o líder do PFL na Câmara, Rodrigo Maia (RJ).

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O presidente do TSE, Marco Aurélio Mello, explicou que, pela decisão do Tribunal, se o partido não tem candidato a presidente, ele só poderá se coligar no estado com outro partido que não tenha candidato próprio nem seja coligado com outro que tenha candidato. Marco Aurélio recorreu a uma alegoria para explicar o casamento entre os partidos:

"Isso resulta em casamento único e a relação subseqüente no estado ser tomada como concubinato. E o concubinato é condenável. Ele não se coliga sozinho. A coligação pressupõe um outro partido e se esse outro partido está coligado no topo, evidentemente se tem o óbice considerada a verticalização que o Supremo entendeu contemplada na Lei 9504/97, inclusive contra o meu voto", disse.

Segundo Marco Aurélio, o TSE não fez nova interpretação, apenas uma explicação da regra da verticalização. Perguntado se o TSE pode mudar a interpretação, Marco Aurélio disse que é possível, mas não acredita que isso ocorra.

A decisão do TSE gerou polêmica entre políticos da oposição e da base aliada do governo.

"Há uma série de divergências quanto a real decisão do tribunal. Vamos buscar esclarecimentos do TSE", disse o vice-líder do governo na Câmara, deputado Beto Albuquerque (PSB-RS).

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O governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), disse que conversou ontem com o presidente de seu partido, o senador Tasso Jereissatti (CE), e com o presidente do Congresso, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), e que não há consenso sobre o assunto.