Reservatório de Jaguari, que faz parte do Sistema Cantareira, está com 38% da capacidade, a menor dos últimos anos| Foto: Mário Ângelo/Sigmapress/Folhapress

Representantes de municípios e empresas do interior paulista saíram ontem em defesa da proposta do governo estadual de buscar água na represa de Igaratá, na bacia do Rio Paraíba do Sul, para socorrer o Sistema Cantareira, que está com os reservatórios com 14,5% de sua capacidade. "É um volume tão pequeno que não vai ter impacto nenhum hoje no Rio Paraíba", afirmou o presidente do Consórcio das Bacias do Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), o prefeito de Indaiatuba, Reinando Nogueira (PMDB). São os rios da bacia que formam o Cantareira, que abastece 47% da Grande São Paulo.

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Reunidos em Valinhos, prefeitos e membros do Consórcio do PCJ defenderam que a transposição da água do reservatório de Igaratá não afeta o Rio de Janeiro e já havia sido feita pelo órgão em documento de 7 de fevereiro. A proposta foi um dos itens que constou no documento "Mandamentos da Estiagem", com 25 medidas a serem discutidas e implantadas pelas cidades do interior para evitar o esvaziamento dos reservatórios do Cantareira.

O item 23 da carta diz "Estudo de viabilidade para transposição de bacias, em regimes de emergência, como por exemplo através dos reservatórios de Igaratá e Paraibuna".

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A represa Jaguari, que é estadual, está acima do Rio Paraíba do Sul, que é de domínio federal e de onde o Rio tira água. Pela proposta, a represa será interligada por dutos de mão dupla com a represa Atibainha (do Cantareira). Em momentos críticos uma auxiliará a outra.

Nogueira atribuiu a reação do governo do Rio, que questionou o prejuízo ao abastecimento no estado, a "uma posição política mal colocada". "Acho que a proposta foi mal colocada. No primeiro momento, o político dá aquela sensação de que estão roubando água nossa, vai faltar para nós. Eles não têm o conhecimento técnico para tomar uma posição."

Outorga

O Consórcio decidiu redigir uma moção pedindo o adiamento da renovação da outorga, que permite que a companhia de saneamento de São Paulo (Sabesp) explore o Cantareira. "Tudo estava pronto para assinar. Mas daqui para frente, pegaremos as ideias todas sobre essa crise e estabeleceremos prazos para as coisas acontecerem. Até para termos condições de cobrar", afirmou Nogueira.

Desde o início do ano, Sabesp e o Comitê das Bacias dos Rios PCJ – órgão que tem o Consórcio do PCJ como membro – apresentaram suas propostas para a renovação da outorga do Cantareira que vale por 10 anos e estipula volumes a serem usados e obras a serem feitas.

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