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Tragédia

Retirantes nordestinos da chuva

Barreiros foi uma das 67 cidades de Pernambuco afetadas pela enxurrada, que vitimou 20 pessoas no estado e deixou 83 mil fora de suas casas. O estado de Alagoas também foi atingido, com 181.018 pessoas afetadas e 37 mortes confirmadas até o momento. Sem água encanada e com muita lama e destruição, moradores de Barreiros, que decretou estado de calamidade pública, foram para as cidades vizinhas. A principal é São José da Coroa Grande, a 7 quilômetros. "A cidade ficou 95% embaixo de água. Até a situação de abrigamento está complicada", diz o representante da Defesa Civil Estadual no grupo de gerenciamento de crises, tenente-coronel Carlos D'Albuquerque. "A cidade está com lama, com uma situação não muito higiênica e estamos tendo de trabalhar um bocado", acrescenta.

O militar explica que não há locais adequados para a instalação de abrigos. Segundo ele, a maioria das 20 mil pessoas que foram para casas de parentes e amigos está em outros municípios. Os órgãos públicos estão levantando os números de deslocados e por enquanto não há uma estimativa.

Destruição

A destruição da casa fez com que o pedreiro Amaro Nogueira da Silva saísse de Barreiros. "Não tinha como continuar morando. No local das casas muita gente não vai querer voltar porque qualquer cheia atinge a casa", disse enquanto esperava a Kom­bi que iria levá-lo para a cidade vizinha. Já a zeladora Rosicleide Bandeira da Silva diz que vê a população "quase inteira" de Bar­­reiros em São José da Coroa Grande, onde ela vive na casa de um conhecido.

Não há mais casas para alugar em São José, de tanta gente que foi para o município, conta o serralheiro Valdemar Sebastião da Silva. Ele está morando na residência da irmã, em Barreiros. "Mas não dá para continuar aqui. Vou pensar no que vou fazer", diz. "A cidade está vazia e abandonada. Não imaginava que iria vir uma cheia em cima da outra", completa.

Além da enxurrada do dia 18, o município foi novamente atingido pelo transbordamento do Rio Una. As ruas ficaram alagadas entre domingo e terça-feira e muitos moradores tiveram de limpar seus bens novamente, principalmente o comércio, setor que mais movimenta a economia local e que foi atingido no centro do município. A comerciante Eliane Siqueira limpava ontem, mais uma vez, suas mercadorias. Ela diz que não pensou em ir embora porque não tem para onde ir. Vai ficar e esperar o comércio reabrir e a vida voltar ao normal. "Quan­do, eu não sei", afirma.

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