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Brasília – Governo e sindicalistas se reuniram ontem no Ministério da Previdência Social por mais de duas horas, mas não chegaram a um acordo sobre o valor do salário mínimo. As centrais sindicais reivindicam R$ 420, o Congresso Nacional defende R$ 375 e o governo oferece R$ 367.

Um próximo encontro foi marcado para terça-feira, dia 19, às 20 horas, quando possivelmente um acordo será selado.

"Na terça-feira apresentaremos uma proposta concreta para fechar a negociação, criando assim condições, junto com o Congresso Nacional, para que o orçamento de 2007 seja aprovado, já incorporando o novo valor do salário mínimo", disse o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, que participou da reunião com o ministro da Previdência Social, Nelson Machado.

O presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, afirmou que o governo não apresentou nenhuma nova proposta, mas que as centrais sindicais mantêm o valor em R$ 420. "Podemos negociar. Agora, fomos atropelados pelo Congresso Nacional, que fechou em R$ 375. Isso não aceitamos. Já os R$ 367 não existem. Nem o governo tem coragem de defender esse valor", ressaltou.

Gasto a mais

O ministro Nelson Machado explicou que para cada um real de aumento no salário mínimo, hoje R$ 350, significa um gasto a mais de R$ 200 milhões por ano para os cofres públicos. Caso a proposta aprovada na última terça-feira pela Comissão Mista de Orçamento de reajustar o salário mínimo para R$ 375 seja confirmada, o Tesouro Nacional vai desembolsar anualmente mais R$ 5 bilhões.

"Hoje temos 15 milhões de trabalhadores, entre rurais e urbanos, que ganham um salário mínimo, e mais 3 milhões de benefícios assistenciais com esse valor. O impacto do salário mínimo sobre esse conjunto na Previdência Social é grande. Significa que para cada R$ 1 de aumento para esse grupo haverá um gasto a mais de cerca de R$ 200 milhões aos cofres públicos", disse o ministro.

Para tentar resolver o déficit anual da Previdência Social, que hoje seria de R$ 42 bilhões, Nelson Machado disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está estudando a possibilidade de fazer uma discussão nacional sobre a Previdência.

"O presidente falou que para o segundo mandato não haveria necessidade de reformas na Previdência Social, mas sim o combate a fraudes e a redução de custos. Mas no longo prazo temos que refazer o contrato social para nossos filhos e netos, não para os trabalhadores que hoje estão na ativa. E dessa discussão participariam os setores da sociedade civil, como os trabalhadores da ativa e os inativos, empregadores e sindicatos", explicou o ministro.

Outro número

Logo após a reunião no Ministério da Previdência Social, o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Artur Henrique da Silva Santos, ressaltou que Nelson Machado apresentou aos sindicatos os dados do ministério, e que o déficit anual não seria de R$ 42 bilhões como se tem divulgado, e sim de R$ 22 bilhões.

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