A virada do ano promete ser colorida em Curitiba, região metropolitana e litoral. Mais de 450 toneladas de fogos de artifício devem recepcionar a chegada de 2011 nessas cidades, de acordo com estimativa da Associação Industrial e Comercial de Fogos de Artifício do Paraná. O índice de vendas nas lojas filiadas à associação está 12% maior em relação ao ano passado. Os números são promissores, mas a alta no movimento também pode significar mais atendimentos a pessoas feridas pelo artefato nos hospitais.
Apenas no Natal deste ano, o Hospital Evangélico recebeu oito casos desta natureza. No Hospital do Trabalhador (HT), entre o dia 24 de dezembro e ontem, foram atendidos sete pacientes. Já na passagem de 2009 para 2010, 14 pessoas foram encaminhadas ao Evangélico. No HT, entre os meses de dezembro do ano passado e janeiro deste ano, foram oito pacientes. Em diversas situações, os acidentes foram causados pela combinação do consumo de bebidas alcoólicas e o uso dos explosivos. As vítimas mais frequentes são homens jovens.
O uso incorreto de fogos de artifício pode resultar em queimaduras, perdas auditivas e até amputações são frequentes os casos de pessoas que perdem dedos e até mesmo uma das mãos. "A principal recomendação é que não se faça o manuseio deste material, principalmente dos artefatos que disparam bombas, que são os que fazem os maiores estragos", alerta o chefe do Serviço de Cirurgia Plástica de Queimados do Hospital Evangélico, José Luiz Takaki. Assim como os comerciantes do ramo, o médico também já percebeu o aumento nas vendas neste ano. "Notamos que tivemos mais queimados neste Natal em relação ao ano passado. Por isso precisamos estar atentos para as festas de Réveillon", afirma.
O estudante Jean Ferreira Grossman, 15 anos, faz parte das estatísticas. A festa de Natal em sua casa terminou de forma inesperada. O jovem teve as duas mãos queimadas enquanto tentava acender um "buscapé". Grossman adquiriu o produto em uma loja que não é especializada na venda deste material e não recebeu nenhuma orientação de como manuseá-lo. "Meus amigos colocaram as mãos na frente para proteger a bombinha do vento", lembra. Foi neste momento, conta ele, que o fogo se espalhou pelas suas mãos. No primeiro instante, Grossman não percebeu a gravidade da lesão, mas em poucos minutos a região da palma das mãos e os dedos estavam cobertos por bolhas.
O garoto está com as mãos enfaixadas e não sabe até quando precisará ficar com o curativo. Sua única certeza é de que não irá mais utilizar produtos como esse. "Fica a lição para toda a família e os amigos", afirma o irmão Jefferson, 19 anos, que o socorreu.
Prevenção
O primeiro passo para evitar transtornos é realizar a compra dos fogos de artifício em lojas especializadas, com profissionais habilitados a prestarem informações sobre o uso dos artefatos. O presidente da associação e empresário, Rodolpho Aymoré Júnior, ressalta que também é fundamental seguir todas as recomendações apresentadas na embalagem dos produtos. "Os fogos são seguros, se usados conforme as orientações."
O proprietário de outro estabelecimento do ramo, Moisés Lanza, reforça o alerta. "O ideal é manter uma distância de 30 a 50 metros do artefato", explica. Quando acionado, ele precisa estar firme no chão e caso falhe é necessário esperar até 20 minutos para fazer contato físico com o material. Nessas situações, a pólvora deve ser descartada.
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