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Além das roupas brancas, do champanhe e das simpatias, os fogos de artifício se tornaram presença quase obrigatória no réveillon. A festa com pólvora, no entanto, requer cuidados. De acordo com a Associação Brasileira de Cirurgia da Mão (ABCM), uma em cada dez pessoas que mexem com fogos de artifício acaba se machucando de alguma forma. Durante as festas de fim do ano, as queimaduras representam 20% dos atendimentos nos prontos-socorros. Só no Hospital Evangélico, referência em atendimento de queimaduras, a estimativa é de que sejam atendidos 40 pacientes até a virada do ano. "Nos últimos dias já atendemos nove casos somente por causa de fogos de artifício", afirma o chefe do serviço de Cirurgia Plástica e Queimados do hospital, Luiz Henrique Calomeno.

As pessoas mais atingidas por acidentes com o artefato são crianças e adolescentes com idade entre 4 e 14 anos e homens com idade entre 15 e 50 anos. "O público feminino não gosta muito desse tipo de coisa. Com crianças há menos casos, mas é dramático quando isso ocorre. E acreditamos que o número de acidentes seja bem maior, porque muitos acabam se tratando em casa", afirma a especialista em cirurgia da mão do Hospital Vita Batel e diretora da ABCM, Giana Giostri.

Entre as lesões com fogos de artifício, as queimaduras afetam 70% das vítimas. Também pode haver problemas na córnea e nos tímpanos ou perda de uma parte do corpo, principalmente os dedos. As mutilações somam 10% entre os ferimentos por fogos de artifício. Foi o que aconteceu com o auxiliar de operações Rafael Grossi, 21 anos. Na véspera de Natal, enquanto os familiares se preparavam para a ceia, Grossi e alguns colegas jogavam bombinhas quando uma estourou ao ser acesa. O jovem perdeu quatro dedos da mão esquerda. Para Grossi, o acontecimento pode ser classificado como azar e um alerta. "A gente pensa que nunca vai acontecer com a gente", lamenta. "Preciso ver como vai ficar no trabalho, porque lá exigiam muito das mãos. E eu estava quase operando as máquinas na empresa", afirma.

Clandestinos

Segundo o presidente da Associação Industrial e Comercial de Fogos de Artifício do Paraná (Aincofapar), Rodolfo Aymoré Júnior, o grande número de acidentes é resultado da venda clandestina de fogos. Só em Curitiba, afirma, há 800 pontos de venda irregulares, contra 28 legalizados. "O pessoal compra em qualquer lugar, onde não há garantia e idoneidade do produto. É preciso sempre ficar atento ao porte da loja e avaliar se é especializada ou não", alerta. As lojas devem ter a licença do Corpo de Bombeiros e da Delegacia de Armas e Munições, além de um alvará da prefeitura.

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