Memória
Em janeiro deste ano, clientes da revendedora Emily Car fizeram diversos protestos diante da loja. O golpe começava quando a pessoa deixava o carro na Emily Car para ser vendido. A empresa vendia veículos financiados e, ao invés de quitar as parcelas do financiamento do antigo proprietário, embolsava o dinheiro. Segundo a polícia, pelo menos 200 pessoas caíram no golpe. Os proprietários foram presos dois meses depois.
A polícia apreendeu 21 veículos de uma revendedora de veículos no bairro Portão, em Curitiba, na segunda-feira (22). A proprietária da Dany Multimarcas é acusada de aplicar golpes em pelo menos 13 clientes, que cediam o carro em consignação e não recebiam o dinheiro combinado. O caso tem semelhanças com o da Emily Car, ocorrido no início deste ano.
A empresária Alice de Latre, 49 anos, buscava anúncios de venda de carros e prometia revendê-los rapidamente com uma pequena margem de lucro. Os carros eram deixados em consignação na loja dela, localizada na Rua Pedro Zagonel. Segundo a polícia e três vítimas ouvidas pela reportagem, há a suspeita de que estavam sendo praticados dois golpes: 1) com a documentação dos interessados em comprar os veículos ela dava entrada em novos financiamentos. Depois, dizia que o crédito não havia sido aprovado, mas embolsava o dinheiro; 2) os carros eram vendidos sem a documentação, ou seja, permaneciam em nome da pessoa que deixou consignado o veículo. A loja ficava com o valor integral do carro.
Na sexta-feira (19), o 8º Distrito Policial pediu a prisão temporária de Alice e a apreensão dos veículos. A Vara de Inquéritos negou a prisão, mas permitiu a busca e apreensão. Às 9h de segunda-feira, os policiais apreenderam 21 veículos de diversos tipos e modelos, além de computadores e documentos. "A loja não registrava as saídas e entradas em notas fiscais. É possível que exista sonegação de impostos", diz o delegado Wilson Garret. De acordo com o superintendente Neimir Cristovão, 13 boletins de ocorrência e quatro inquéritos policiais foram abertos contra a loja.
Vítimas
O vendedor Alceu Domingues Kugnoski, de 37 anos, deixou seu Kadett GLS 98 na Dany Multimarcas. "Faltava pagar R$ 3 mil do leasing [modalidade onde a financiadora fica com o registro do bem até que as parcelas sejam quitadas]. Ela [Alice] pagou e revendeu o carro, mas não me pagou o restante do valor do veículo. O cara que ela passou o carro já pagou três parcelas, mas nem sinal dos R$ 8,7 mil que ela me deve", relata Kugnoski.
Segundo a vítima, o Kadett segue em seu nome. Além disso, no Detran, consta como se ele não tivesse pago o IPVA e a taxa GNV de seu antigo veículo. "Tentei amigavelmente receber. Ela me falou para não chamar a polícia, porque teria que fechar a loja e ninguém seria pago", conta Kugnoski. Para a reportagem, Alice repetiu os argumentos dados ao vendedor.
A relações públicas Ângela Tosch conta quase ter caído no golpe. Ela anunciou um Fiesta 99/2000 branco em um jornal e recebeu uma ligação de Alice. "O carro é plotado com o telefone da minha empresa. Uma outra pessoa que caiu no golpe me ligou alertando. Fui lá e vi que mais pessoas estavam reclamando. Quase bati nela para ter meu carro de volta", conta Ângela.
Aviso
Desde a apreensão, a loja ficou fechada. Um aviso foi colocado no portão de entrada afirmando que a loja está fechada para reforma por uma suposta "exigência da prefeitura", e que as atividades serão retomadas na segunda-feira. Por telefone, Alice afirmou que era necessário fazer a "jardinagem do terreno". Placas da loja prometem "carros sem entrada em até 60 meses", "consignação a 2%" e "aprovação de cadastro por telefone".
Há dois meses, a Dany Multimarcas se expandiu. Alugou um terreno vizinho, que praticamente dobrou a área da loja. Alice também seria a proprietária de uma outra revendedora.
Outro lado
"O que estão dizendo não é verdadeiro", diz Alice. Nesta terça (23), ela prestou depoimento com seu advogado na delegacia. À polícia, Alice confessou ter problemas financeiros. Depôs que pagaria a todos em breve, com a diminuição da margem de lucro na venda dos carros.
A polícia pede que outras pessoas que possam ter sido lesadas pela Dany Multimarcas entrem em contato pelo telefone (41) 3346-5644. Novas provas deverão embasar um novo pedido de prisão temporária, segundo o delegado Garret.
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