Faz mal mesmo ou é exagero?
Segundo o estudo realizado pela Agência Internacional para Pesquisas sobre Câncer (Iarc), a exposição aos raios ultravioleta A, emitidos pelas câmaras de bronzeamento artificial, aumenta em 75% o risco de desenvolvimento de melanoma a forma mais fatal do câncer de pele em pessoas que se submetem ao bronzeamento artificial até os 35 anos de idade. A concentração dos raios ultravioleta A emitida pelas máquinas tem poder de penetração 2 a 3 vezes maior que a luz solar.
Para a dermatologista Fabiane Mulinari Brenner, do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (HC-UFPR), a decisão da Anvisa de proibir o bronzeamento artificial foi acertada. "O problema é que as pessoas que fazem bronzeamento são justamente aqueles com maior risco de desenvolver a doença. Calcula-se que a realização de dez sessões de bronzeamento por ano, durante um período de dez anos, aumenta em dez vezes a chance de desenvolver um tumor. Câncer de pele hoje é uma questão de saúde pública. No HC, por dia, realizamos cerca de 20 cirurgias para retirada de tumores de pele. Por isso é importante pensar no problema no longo prazo", explica.
Para a médica, se a regulamentação anterior à proibição fosse seguida à risca, não haveria necessidade de tomar uma decisão tão drástica. "Em muitos estabelecimentos, as máquinas não eram reguladas adequadamente e não havia funcionários especializados para fazer o atendimento, o que tornava a prática ainda mais perigosa. Talvez no futuro, consigamos encontrar um meio termo para a questão", diz.
A proibição ao uso das câmaras de bronzeamento artificial para fins estéticos, determinada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) há pouco mais de uma semana, deixou os proprietários de clínicas de estética e salões de beleza confusos e com um grande prejuízo nas mãos. A decisão do órgão de fiscalização foi influenciada pela divulgação de um estudo realizado pela Agência Internacional para Pesquisas sobre Câncer (Iarc), ligada à Organização Mundial de Saúde (OMS), que comprovou que as camas e lâmpadas ultravioleta de bronzeamento artificial são "causas definidas" de câncer de pele.
Muitos proprietários foram informados da resolução, publicada no Diário Oficial no dia 11 de novembro, apenas pela imprensa e ficaram sem saber como agir. "Eles podiam ter, pelo menos, dado um prazo para nos adequarmos à determinação, ou então ter tomado essa decisão após o verão. Já fechamos vários pacotes de bronzeamento e estamos tendo de devolver o dinheiro às clientes", conta a cabeleireira Luciana Piovesan, que acabou de trocar todas as lâmpadas de sua câmara de bronzeamento e ainda está pagando a conta, de quase R$ 3 mil.
A empresária Cecília Cobelache, proprietária da clínica Afrodite, também questiona a decisão. "O Ministério da Saúde deveria se preocupar em fornecer filtro solar aos cortadores de cana e aos garis que passam o dia inteiro debaixo do sol. Estes sim são as maiores vítimas do câncer de pele, mas ninguém faz nada por eles", reclama.
Apesar dos contratempos, a proibição foi obedecida imediatamente pelos estabelecimentos de Curitiba. A reportagem entrou em contato com 20 clínicas e salões da cidade e nenhum deles estava agendando sessões de bronzeamento.
A rede Lady&Lord Cabeleireiros e Estética, de Curitiba, desativou as câmaras de bronzeamento que funcionavam em suas unidades no mesmo dia da publicação da resolução. "Eu já esperava algumas mudanças, porque a fiscalização da Anvisa estava cada vez mais rígida, mas não contava com a proibição total. Já tínhamos desativado 4 das 6 camas nos últimos anos porque estava muito caro mantê-las com todas as restrições impostas pela vigilância", conta o presidente da empresa, Kyrlei Boff. Ele acredita que as clientes, que já estavam em lista de espera, ficarão decepcionadas com a medida, mas que não há outra opção a não ser obedecer a resolução. "Nessa época do ano a procura é ainda maior, muitas mulheres fazem o bronzeamento antes de ir para a praia. Mas, com certeza, a decisão foi baseada em informações técnicas e científicas de confiança. Tenho de respeitá-las", completa.
A grande preocupação dos proprietários é o que fazer com as câmaras de bronzeamento, já que a resolução não permite a importação, o recebimento em doação, o aluguel e a comercialização dos equipamentos. Cada máquina custa em torno de R$ 40 mil.
Depósito
Segundo a chefe da área de produtos e serviços em saúde da Vigilância Sanitária da Secretaria Municipal da Saúde, Lucinéia Bencke de Macedo Lino, a recomendação é que as câmaras sejam retiradas de dentro das clínicas e salões o quanto antes. "Se não for possível retirá-las do estabelecimento em um primeiro momento, elas deverão ser lacradas. O ideal, entretanto, é que elas sejam armazenadas em outro local, como um depósito. Estamos orientando os proprietários a procurar os fabricantes e as distribuidoras dos equipamentos para que decidam em conjunto onde colocá-los", diz.
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