Richa não garante preço da passagem de ônibus a R$ 1,80

O prefeito de Curitiba, Beto Richa, afirmou nesta segunda-feira que a tarifa de ônibus reduzida, uma das principais realizações do primeiro ano de mandato, não está totalmente garantida para 2006. Significa que poderá haver aumento nos próximos meses.

O prefeito, em entrevista à Gazeta do Povo, disse ainda que a prefeitura já fez tudo o que podia para reduzir o preço da passagem, mas agora depende de ajuda estadual ou federal. Ele não garantiu que a tarifa continuará em R$ 1,80 até o fim do ano.

"O compromisso em Curitiba é de tarifa justa e acessível. Por enquanto não há previsão de aumento", disse, sem no entanto mencionar valores ou prazos. Para poder manter o valor da passagem, Richa espera a sensibilização do governo federal na redução de impostos.

"O impacto de tributos federais representa cerca de 30% do preço da passagem", explicou o prefeito. Ele argumenta que não pode garantir a manutenção do preço atual em função de outros fatores. "Dependemos de combustível, peças e acessórios, e nada disso depende de nós. Já tivemos alguns aumentos no óleo diesel, por exemplo", justifica.

Licitação

Uma economia de cerca de R$ 150 mil mensais veio com a mudança da empresa responsável por operar os cartões-transporte, que serão objeto de licitação em 2006.

Outra possível fonte de economia para a prefeitura no transporte público seria outra licitação, a das linhas de ônibus. "Vamos corrigir anomalias e distorções dos vícios acumulados ao longo dos anos. Temos a possibilidade de mudar todos os cálculos das planilhas de custos e cálculos de remuneração", afirmou.

"Transporte público tem piorado"

O prefeito prometeu que a concorrência será realizada ainda este ano. "Este é um processo complexo e queremos evitar erros. Nunca houve licitação na história da cidade para o transporte público. Sempre foi um serviço comissionado", explicou, acrescentando que, em sua avaliação, o transporte público tem piorado. "Podemos perceber isso nos terminais, nos ônibus, nas linhas lotadas."

Obras

Além das linhas atuais, que são quase 400, a licitação deve contemplar os novos trajetos que surgirão com a construção do Eixo Metropolitano, a revitalização do trecho urbano da BR-476, que deve sair do papel em 2006.

Richa ainda pretende entregar outras obras até o final do ano: quatro binários (sistemas de duas ruas de tráfego rápido, uma em cada direção) e um anel viário com 12 quilômetros de extensão, circundando o centro da cidade. Os binários usarão ruas já existentes, que serão remodeladas para a nova função. As obras começam em março, com término previsto para novembro.

Superávit

O prefeito comemora um superávit de R$ 17 milhões nas contas da administração direta no ano passado. De acordo com o prefeito, não há destino certo para essa sobra, mas o dinheiro seria suficiente para construir 17 unidades de saúde. "Fizemos um trabalho ao longo do ano com austeridade na gestão fiscal, corte de gastos e desperdício de dinheiro. Determinamos a todas as secretarias uma diminuição de corte de gastos em pelo menos 10% nas secretarias. Só isso nos permitiu uma economia de R$ 28 milhões", concluiu Richa.