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O júri popular dos sargentos da Polícia Militar Isaías Souza do Carmo e Ubirani Soares; e dos cabos Edilberto Barros do Nascimento e Rubens da Silva, acusados de envolvimento na morte do menino Juan de Moraes Neves, de 11 anos, será retomando nesta terça-feira (10). O julgamento - realizado na 4ª Vara Criminal de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense - está previsto para durar até sexta-feira. Serão ouvidas 35 testemunhas, de defesa e acusação.

O júri popular dos quatro policiais, acusados pela morte de Juan e Igor Souza Afonso e de duas tentativas de homicídio contra Wanderson dos Santos de Assis e Wesley Felipe Moraes da Silva, irmão de Juan, teve início nesta segunda-feira, por volta das 13h desta segunda, com cerca de duas horas de atraso. O primeiro a prestar depoimento foi Wanderson dos Santos Assis, atingido por três tiros na operação do 20º BPM (Mesquita) na comunidade Danon, também em Nova Iguaçu, em 20 de junho de 2011, quando o menino Juan desapareceu. Ao júri, ele afirmou ter visto quando Juan foi atingido, mas disse que não era possível saber de onde vieram os disparos.

Wanderson foi apresentado pelos PMs como traficante e chegou a ficar cinco dias algemado ao leito no Hospital de Saracuruna, em Duque de Caxias, também na Baixada, até a Defensoria Pública do Estado conseguir sua soltura. Ficou provado que ele trabalhava e estudava.

Wesley Felipe Moraes, irmão de Juan, também testemunhou na tarde desta segunda-feira. O depoimento do rapaz, que há dois anos está no Programa de Proteção à Testemunha junto de sua mãe, começou às 16h20m. Ele contou sentir muita saudade dos amigos e familiares.

O jovem também relatou o que aconteceu no dia da morte de Juan. Segundo Wesley, ao entrar no beco onde ele, o irmão e Wanderson dos Santos Assis seriam atingidos, o menino ficou com medo. O irmão mais velho ordenou, então, que Juan passasse sua frente, e o garoto começou a correr. Os disparos teriam começado em seguida. Wesley afirmou que só viu Juan ferido, mas não os outros baleados.

Com Wanderson, os agentes disseram, na época, que encontraram uma pistola 9mm, uma granada e um radiotransmissor. Ele disse que só conhecia Juan e Wesley de vista, e que foram muitos tiros. Wanderson confessou que já teve envolvimento com drogas, que consumia maconha, mas não na época do crime.

Para que Wanderson pudesse depor, os réus ficaram retidos da sala de audiências do Fórum de Nova Iguaçu. Todos estavam lotados no 20º BPM na época do crime e atualmente estão presos no Batalhão Especial Prisional (BEP). No momento em que eles passaram pelo corredor do Fórum, foram recebidos por parentes com saudações.

Relembre o caso

Juan desapareceu no dia 20 de junho de 2011, logo após um confronto entre policiais militares do 20º BPM e traficantes da Favela Danon, onde o menino morava com sua família. O corpo do garoto, de 11 anos, apareceu dez dias depois, às margens do Rio Botas, em Belford Roxo, também na Baixada.

Na operação policial, o irmão de Juan, Weslley, e Wanderson foram baleados. Os PMs alegaram que foi uma troca de tiros, mas a promotoria negou a informação. Tanto o jovem quando a família do menino, deixaram a Favela Danon, com medo de represálias. A maioria está no Provita.

Os policiais também são acusados de matar Igor Souza Afonso, suposto traficante da região. Eles respondem por dois homicídios duplamente qualificados e duas tentativas de homicídio duplamente qualificado, com os agravantes de que uma das vítimas era menor de idade e que teria havido abuso de poder por parte dos agentes públicos. Segundo o Ministério Público, se condenados, os policiais podem pegar até 60 anos de prisão.

No dia 4 de julho, a Justiça negou pedido da defesa do cabo Rubens da Silva para que o processo respondido por ele fosse desmembrado e o PM pudesse ser julgado separado dos outros três acusados pelo crime.

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