O município do Rio de Janeiro abre 102 vagas anuais para residência em Medicina de Família e Comunidade. É o maior programa do País, segundo a prefeitura. Sessenta vagas são oferecidas pela própria Secretaria Municipal de Saúde e as demais, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e Escola Nacional de Saúde Pública, da Fundação Oswaldo Cruz. A relação candidato-vaga é de três para uma, o que se justifica pela bolsa de R$ 8 mil líquidos, acima da média do Rio.
"Parece muita vaga, mas ainda é insuficiente", diz o coordenador do programa municipal, José Carlos Prado Junior. "É um foco da nossa gestão. Se a gente não se preocupa com formação, não há como ter profissionais qualificados."
A formação dura dois anos. São até 60 horas de dedicação semanal sendo 70% nas unidades de atenção básica e 30% nos ambulatórios de urgência e emergência, nas áreas de Pediatria e Clínica Médica, e nas aulas teóricas. Especialistas trabalham como preceptores dos residentes - dão aulas e supervisionam os atendimentos. A média é de 350 pacientes por mês por residente.
Residente no centro municipal de saúde do Catete, zona sul do Rio, a médica Luciana Figueiredo, de 27 anos, chega a atender até 30 pessoas em um dia cheio - e está feliz. "É gratificante ver a melhora do paciente. Hoje vejo que é essa medicina que idealizei quando entrei na faculdade." Recentemente, Luciana largou os plantões semanais, que rendiam R$ 3,5 mil por mês trabalhando 12 horas todo sábado."Ficava muito cansada. Meu projeto de vida agora é a medicina de família. Não vou dedicar meu tempo nessa especialização para trocar depois."
Estrutura
Onze unidades de atenção primária, entre clínicas da família e ambulatórios, servem ao treinamento na rede. São as mais bem aparelhadas e ficam em áreas de grande adensamento, como as favelas da Rocinha e do Alemão.
Os residentes são majoritariamente do Estado, mas há estudantes de São Paulo, Minas Gerais e do Espírito Santo, o que se deve à forte divulgação feita pela secretaria. Além disso, 60% são egressos de faculdade particular.
O município é pioneiro no Brasil nesse segmento de residência. A formação começou em 1976, quando a especialidade era chamada de Medicina Geral e Comunitária. Em 2012, surgiu a primeira turma própria da Secretaria Municipal de Saúde, com 60 vagas.
Neste momento estão cursando 59 residentes do primeiro ano e 45 do segundo. Se depois de formados eles optarem por carreira na rede municipal na mesma área, os ganhos podem chegar a R$ 20 mil - a média salarial é de R$ 14 mil.
Hoje, são atendidos na atenção básica 2,7 milhões de cariocas, e a meta é dobrar o número em três anos. A Secretaria Municipal de Saúde dispõe de 813 equipes de saúde de família e quer chegar a 1.440 em 2016.
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