Ponta Grossa – A interdição da BR-476, entre Lapa e o trevo de Paulo Frontin, fez o trânsito na BR-153, praticamente dobrar em menos de dois dias, tornando a viagem mais perigosa para os motoristas. Ontem, somente entre os 73 quilômetros do desvio, ocorreram oito acidentes – um com vítima fatal. Outro desses acidentes provocou o bloqueio da BR-153 por uma hora, causando uma fila de veículos de cinco quilômetros de cada lado.

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A pista da BR-153, que está servindo de rota alternativa à BR-476 para quem vai da Lapa a União da Vitória e vice-versa, é simples, com muitas curvas e sem acostamento. O desvio aumenta a viagem em 58 quilômetros. Já da Lapa para São Mateus do Sul são 43 quilômetros a mais, usando a PR-427, um pequeno trecho na BR-277 e PR-151. Nesse ponto, o tráfego também é intenso e perigoso. Na noite de terça, um carro em que viajava uma família bateu contra um caminhão. Duas crianças morreram.

De acordo com a Polícia Rodoviária Estadual, a BR-153 não suportará por muito tempo o tráfego de 2 mil carros e 4,2 mil caminhões que circulavam diariamente na BR-476. O bloqueio no trevo de Paulo Frontin é formado por um trailer da polícia rodoviária e, logo atrás, uma barricada de terra reforça a interdição. Até ontem à tarde, os policiais estavam permitindo a passagem pela BR-476 somente de carros pequenos.

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A interdição está angustiando comerciantes que trabalham à beira da estrada. É o caso de Odair Antônio Picinin, de 49 anos, que possui um restaurante, a um quilômetro do bloqueio policial do trevo de Paulo Frontin. Ele conta que o movimento caiu cerca de 80%. Picinin, que possui o estabelecimento no mesmo local há 23 anos, pensa em abandonar o negócio caso a pista permaneça interditada.

O fechamento da BR-476 não esvaziou a manifestação de prefeitos da Região Sul do estado, marcada para ontem, em União da Vitória, e cancelada devido à chuva. Para o presidente da Associação das Câmaras do Sul do Paraná (Acamsul), Alcenir Irineu Bracia, a atitude do governo só reforça a campanha pela manutenção da rodovia. "Queríamos fazer a manifestação e o governo se adiantou. Um ponto para nós", disse. O protesto foi adiado para 9 de setembro e contará com a adesão de prefeituras do Sul de Santa Catarina.

Ontem, o Dnit voltou a informar, por meio de sua assessoria de imprensa, que não há possibilidade do governo federal recuperar a BR-476. No início do mês, o Ministério dos Transportes fez uma consulta ao Tribunal de Contas da União sobre a possibilidade de investimentos na rodovia, mas a proibição foi mantida. A divergência entre governo federal e estadual sobre a manutenção da BR-476 está na medida provisória 82, que transferiu a responsabilidade e recursos para obras para o governo estadual. No entanto, a MP foi vetada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.