Ponta Grossa - O ritmo de desmatamento no Paraná diminuiu nos últimos anos. Mesmo assim, uma área uma pouco maior que a cidade de Pinhais foi desflorestada entre 2005 e 2008 no estado. É o que mostra o Atlas de Remanescentes da Mata Atlântica, divulgado ontem. O levantamento, feito com base em imagens de satélite, em parceria entre a Fundação SOS Mata Atlântica e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, aponta o Paraná como o quarto estado no ranking da devastação.
A afirmação de que o ritmo de desmatamento no Paraná diminuiu se comprova em números. Entre 2000 e 2005, foram 28 mil hectares derrubados. No período de 2005 a 2008, foram 10 mil. Por outro lado, o Paraná desmatou em três anos mais do que foi derrubado, na soma, nos estados de São Paulo, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul, Goiás e Espírito Santo. De cada dez hectares de Mata Atlântica perdidos no Brasil, um foi em território paranaense. O estudo capta desmates acima de três hectares (três campos de futebol).
No bioma da Mata Atlântica existem vários tipos de formações florestais, inclusive a mata de araucária simbólica para o Paraná. E, cada vez mais, as áreas preservadas são menores e isoladas, impedindo os chamados "corredores ambientais", que garantem a troca genética, a existência de animais de grande porte e o suporte para rios. Só 18 mil fragmentos da floresta no Brasil têm mais 100 hectares o tamanho do Parque Barigui.
O Paraná já teve 97,36% de sua área coberta por floresta atlântica. Hoje restam apenas 10% disso concentrados na Serra do Mar e no Parque Nacional do Iguaçu. São 1,9 milhões de hectares o dobro do que existe no Rio Grande do Sul, e quatro vezes mais do que no Espírito Santo. Em extensão, fica atrás apenas de Santa Catarina e São Paulo. E, por ter áreas vastas ainda cobertas de mata, o estado sofre maior pressão. "O Paraná vinha num ritmo frenético de desmatamento, que faria não sobrar uma só arvore nativa em pouco tempo", afirma Mario Mantovani, coordenador de mobilização da Fundação SOS Mata Atlântica. O Atlas identifica os pontos de desmatamento desde a década de 80.
Para a coordenadora do Atlas, Márcia Hirota, o estudo dá indícios de esperança, mas o arrefecimento no avanço sobre a mata ainda não é um alento, tendo em vista que restam apenas 7,9% do total de floresta atlântica que já cobriu o Brasil. "É preciso mais, já que é a nossa sobrevivência que está em jogo, a nossa qualidade de vida", avalia.