Parte dos prefeitos da região metropolitana de Curitiba não está disposta a assumir o subsídio para a manutenção da Rede Integrada de Transportes. No ano passado, o governo do estado desembolsou mais de R$ 60 milhões em subsídios. Esse custo é o pivô da crise que se instaurou no transporte público da região. Até ontem, o sistema ainda estava em greve parcial.
A Gazeta do Povo ouviu os nomes envolvidos na sucessão da presidência da Associação dos Municípios da Região Metropolitana de Curitiba (Assomec). Prefeito de Pinhais e presidente da associação até ontem, Luiz Goulart Alves (PT) vê o subsídio como necessário e diz que esse aporte é uma responsabilidade do governo do estado. "Legalmente, o município não pode aportar recursos em linhas intermunicipais. Essa é uma responsabilidade do governo do estado. Mas esses recursos precisam ser efetivados, porque cada ano as duas partes [Urbs e Comec] colocam o seu preço e a situação fica desse jeito", defende Luizão, como é conhecido.
A responsabilidade do governador Beto Richa na questão, inclusive, não para por aí, segundo o prefeito de Pinhais. "Temos 180 linhas funcionando precariamente. Houve falta de vontade política para que as linhas metropolitanas fossem licitadas".
A licitação realizada pelo então prefeito de Curitiba Beto Richa englobou três lotes do transporte coletivo, mas deixou para trás o chamado lote 4 que é composto justamente pelas linhas metropolitanas. A Comec pretende iniciar essa licitação ainda neste ano. Para tanto, já realizou pesquisa origem-destino que mapeou os deslocamentos desses usuários.
O sucessor de Luizão na Assomec será Carlos Eugênio Stabach (PMDB), o Carlão, prefeito de Contenda. Ele também rechaça a ideia de aportar recursos municipais para subsidiar a tarifa única metropolitana. "Contenda não pode arcar com R$ 100, 200, 300 mil sem ter orçamento para isso. Se houver isso no orçamento e um recurso disponível, aí sim. Caso contrário, precisamos ir na fonte do problema", defendeu.
A fonte do problema, para o prefeito de Curitiba, Gustavo Fruet, reside em uma licitação realizada há pouco mais de quatro anos e que não resolveu problemas do sistema; na falta da licitação das linhas metropolitanas; e na tentativa de manter a tarifa do usuário menor do que aquela repassada às empresas. Entre 2004 e 2007, por exemplo, a tarifa do usuário não subiu. Nesse período, Curitiba teve Cássio Taniguchi e Beto Richa como prefeitos. Já em 2013, sob a gestão Gustavo Fruet, um aumento de R$ 0,25 foi reduzido para R$ 0,10 em função dos protestos populares que tomaram as ruas de Curitiba e do país.