A possibilidade de ocupação da favela da Rocinha por forças policiais neste fim de semana ficou mais forte com um comunicado da Aeronáutica divulgado nesta quinta-feira (10). Segundo a Força Armada, o espaço aéreo sobre a comunidade será fechado entre as 2h do domingo e a tarde da próxima segunda-feira.
Segundo o RJ-TV, da TV Globo, está prevista a utilização de helicópteros com sensores e câmeras na operação de tomada da favela pelas forças de pacificação da polícia. Também nesta quinta-feira, o governador Sérgio Cabral afirmou que a ocupação da Rocinha, na Zona Oeste do Rio, será concluída até domingo.
"É mais um passo importante na política de pacificação das comunidades para oferecer paz, dessa vez aos moradores da Rocinha e do Vidigal, que se somam às demais comunidades pacificadas. Até o final dessa semana, nós teremos concluído esse processo", disse ele ao site G1, da TV Globo.
Mais cedo, o secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, disse, em entrevista ao Bom Dia Rio, que é fundamental a prisão de grandes chefes do tráfico, assim como apreensões de armas e drogas. "A estratégia que está sendo utilizada é a quebra do império, é a quebra do muro imposto por armas, é a quebra daquele lugar, daquela ilha inexpugnável da violência. Na medida em que simplesmente se anunciou que isso ia acontecer, essas pessoas mostraram fragilidade", afirma Beltrame.
O secretário disse ainda que não há uma receita concreta de pacificação e não confirmou se a ocupação da favela da Rocinha por uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) começa no próximo domingo. "A gente se prepara para entrar, sem confronto, mas não sabemos o que os criminosos têm na cabeça. Na Rocinha, há uma operação combinada que já começou há dias e nós ainda temos alguma informação a ser processada para determinar quando isso vai se dar.
Durante a noite desta quinta-feira, policiais da delegacia do Tanque (41ªDP) encontraram uma granada dentro de uma mochila, próximo à Escola Americana, na Estrada da Gávea. A mochila foi encontrada após os policiares receberam uma denúncia anônima. Ela continha uma boia de sinalização das forças armadas, uma boia do exército, um carregador para rádio de comunicação, um coldre e um saco contendo fogos e rojões, que poderiam ser usados para fabricar bombas caseiras. O material foi encaminhado à 15ªDP, na Gávea.
Desde a semana passada, a polícia vem apertando o cerco no entorno da favela. No último dia 3, agentes da polícia civil fecharam uma clínica de aborto e uma fábrica, numa operação que envolveu cerca de 65 policiais das Delegacias de Repressão aos Crimes Contra a Propriedade Imaterial (DRCPIM), de Defesa dos Serviços Delegados (DDSD), do Consumidor (DECON), de Roubos e Furtos de Automóveis (DRFA), de Combate às Drogas (DCOD) e da Polinter. Também participam da operação agentes da Coordenadoria de Recursos Especiais (CORE), da Coordenadoria de Informações e Inteligência Policial (CINPOL), da 14ª DP (Leblon) e da 15ª DP (Gávea). Na ocasião, os policiais também encontraram 22 motos roubadas, que foram encaminhadas para o Pátio Legal da Delegacia de Roubos e Furtos de Automóveis (DRFA), em Deodoro.
No fim da noite desta quarta-feira, o traficante Antônio Bonfim Lopes, o Nem, chefe do tráfico de drogas na Rocinha, foi preso por policiais do Batalhão de Choque da PM, na Lagoa, em frente ao Clube Piraquê. Segundo a polícia, ele foi encontrado no porta-malas de um Corolla preto, onde viajavam mais quatro homens, que também foram presos. Um deles se apresentou como cônsul honorário da República do Congo, outros dois se disseram advogados e o quarto era o motorista. As embaixadas do Congo e da República Democrática do Congo, em Brasília, negaram nesta quinta-feira que tenham cônsul honorário no Rio.
Nem já está no Complexo Penitenciário de Gericinó, na Zona Oeste do Rio. O comboio que levou o traficante e outros bandidos presos no entorno da favela da Rocinha, na noite desta quarta-feira, passou pelas principais vias expressas da cidade. De acordo com a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária, o traficante teve o cabelo cortado, seguindo o mesmo procedimento que aconteceu com Alexander Mendes da Silva, o Polegar da Mangueira, preso em setembro no Paraguai. Ele também passou a usar uniforme padrão: camisa verde, calça jeans e tênis azul.
Em Regime Disciplinar Diferenciado (RDD), Nem terá direito a apenas duas horas de banho de sol por dia. Nas outras 22 horas, deve ficar confinado numa cela individual. O Bangu 1 possui quatro galerias com 12 celas individuais. Há alguns anos, uma das galerias já era destinada a presos no RDD. Considerado o presídio mais seguro do Estado, Bangu 1 abrigava presos de alta periculosidade - líderes de facções de tráficos de drogas.
Nem foi transferido no início da tarde desta quinta-feira para Gericinó. O traficante ficou mais de nove horas prestando depoimento na sede da Polícia Federal (PF), na Praça Mauá. Por conta do aparato policial, uma pista da Rodrigues Alves, em frente à PF, foi interditada.
O governador do Rio, Sérgio Cabral, disse nesta quinta-feira, em entrevista à Rádio CBN, que vai pedir ao Ministério da Justiça a transferência de Nem e de outros traficantes para presídios federais. Segundo ele, a documentação já está sendo preparada para ser enviada às unidades de segurança máxima fora do estado. O governador também elogiou a prisão do traficante.
"Isso foi fruto da parceria entre as Forças Armadas e as polícias Federal, Civil e Militar. É muito importante o trabalho que o Rio vem desenvolvendo com a retomada de seus territórios. A Rocinha e o Vidigal são duas comunidades muito simbólicas e muito queridas. Elas estão em um lugar privilegiado, mas foram crescendo sem nenhuma estrutura. Esse é um dia de muita alegria para todos nós", declarou Cabral.
Em entrevista ao Bom Dia Rio, da TV Globo, o delegado Victor Poubel, da PF, disse que Nem telefonou para a mãe assim que foi preso e fez algumas recomendações. Entre elas, a de que os filhos não faltassem às aulas.
Comparsas de Nem ofereceram R$ 1 milhão a policiais para que o grupo fosse liberado
O carro em que Nem estava foi abordado inicialmente na saída da Rocinha por policiais do Batalhão de Choque, mas o suposto cônsul, alegando imunidade diplomática, se recusou a passar pela revista e a abrir o porta-malas. Ele afirmou que só abriria o veículo numa delegacia. Os PMs, então, combinaram de escoltar o veículo até a sede da Polícia Federal. Na Rua Marquês de São Vicente, o motorista parou o carro e um integrante do grupo ofereceu a propina, que começou em R$ 20 mil e depois chegou a R$ 1 milhão, segundo os policiais.
Os policiais se recusaram a aceitar o suborno e continuaram o percurso. Na altura do Clube Piraquê, o automóvel parou novamente. A Polícia Federal foi chamada porque o advogado alegou a imunidade diplomática do cônsul para não abrir a mala do carro. Após a chegada dos policiais federais, o Corolla foi revistado, e Nem, encontrado no porta-malas.
O soldado Heitor, do Batalhão de Choque da Polícia Militar, que participou da prisão, contou na manhã desta quinta-feira que um dos advogados que estava no carro ofereceu num primeiro momento R$ 20 mil de suborno para que o grupo fosse liberado. Diante da recusa dos policiais, eles aumentaram o valor para R$ 1 milhão. Heitor disse ainda que todos os carros estavam sendo revistados por ordem do comando da PM e que a hora avançada e a potência do Corolla usado pelo cônsul chamaram a atenção dos policiais.
"Me sinto orgulhoso com a vitória", disse o policial. O cabo Eduardo Teixeira, do Batalhão de Choque, que também acompanhou a prisão na Lagoa, confirmou que o suposto funcionário do consulado ofereceu propina. "Quando o porta-malas foi aberto, o Nem viu que tinha perdido e não apresentou nenhuma reação", disse Teixeira.
Nem era o alvo de policiais que faziam um cerco na favela. A Polícia Militar havia reforçado o patrulhamento nos acessos à Rocinha e ao Vidigal, também na Zona Sul, inclusive com viaturas da corporação. Agentes do Batalhão de Operações Especiais (Bope) chegaram a ocupar a Vista Chinesa, uma das possíveis rotas de fuga de bandidos da Rocinha.
No início da noite, dez pessoas, entre policiais e traficantes, foram presas durante operação da Polícia Federal, quando cinco agentes civis e militares escoltavam cinco traficantes que estariam fugido da Favela da Rocinha. O grupo estava dividido em quatro carros que foram interceptados pela PF em frente ao Shopping da Gávea e ao Jóquei, na Zona Sul do Rio. Um dos bandidos presos é o traficante Anderson Rosa Mendonça, conhecido como Coelho, braço-direito do traficante Nem e chefe do tráfico no Morro de São Carlos.
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