Rio de Janeiro - A discussão sobre o quanto teve de rock e de pop nesta edição do festival escondeu uma outra questão importante no Rock in Rio 2011. Mais do que estilos musicais, o evento colocou em oposição gerações diferentes.
Desde o Rock in Rio inicial, em 1985, a diversidade musical foi bandeira clara a ser defendida. Basta lembrar o primeiro line-up, que colocou lado a lado AC/DC, Iron Maiden, Ozzy Osbourne, Erasmo Carlos, James Taylor e Elba Ramalho.
Mais do que ser pop ou rock, bom ou ruim, a escalação de artistas como Stevie Wonder e Ke$ha numa mesma noite traz o confronto de duas maneiras de se consumir música pop. Ele, um gênio musical recordista do prêmio Grammy e regravado por centenas de astros pop. Representante de uma época em que a música era quase sacra, espelho de mudanças comportamentais profundas e item de consumo durável, traduzido em preciosas discotecas caseiras.
Ela, uma garota que não tem talento para criar canções que mudem a vida das pessoas e se tornem itens de adoração perene, mas muito esperta para captar tendências e formar uma persona pop interessante. Faz música para consumo urgente, som com prazo de validade curto. Se não impacta musicalmente, o visual agressivo e a "atitude" de sexo, uísque e rock and roll ajuda.
Essa diversidade, que está praticamente no código genético do festival, pode ser tão louvável quanto difícil de administrar. Quando se tenta colocar juntos Coldplay, Maroon 5 e Jota Quest, o rótulo de pop rock mostra uma elasticidade que permite o cruzamento de fãs bem diferentes na mesma plateia. Um Rock in Rio 2013 mais seguro e de fácil acesso é obrigação dos organizadores. Mas fazê-lo buscando um público mais afinado a cada noite é ter um tremendo abacaxi nas mãos.
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