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Os motoristas e cobradores de ônibus descumpriram acordo firmado pelos líderes da categoria com as empresas do setor, sob mediação da Justiça do Trabalho, e deixaram Porto Alegre sem transporte coletivo pelo quinto dia consecutivo, ontem. A população foi às paradas, mas teve de recorrer aos micro-ônibus do transporte seletivo, autorizados a carregar passageiros em pé, excepcionalmente, ou pedir carona ou dividir o custo de corridas de táxi para se deslocar, como vinha fazendo desde segunda-feira, quando a greve começou.

A trégua havia sido estabelecida na tarde de quinta-feira. A categoria ficava com a garantia de aumento de R$ 1 no vale-refeição, que passaria de R$ 16 para R$ 17, e de manutenção do plano de saúde sem cobrança de R$ 40 dos empregados. Em troca, colocaria 50% da frota nas ruas nesta sexta-feira e 100% a partir deste sábado, 1º. Ao mesmo tempo, as partes seguiriam negociando o reajuste, entre os 5,5% oferecidos pelas empresas e os 14% pedidos pelos trabalhadores.

O prazo para um acordo definitivo ou retomada da greve era o dia 12 de fevereiro, quando o Tribunal de Contas vota um relatório que reavaliou a planilha de custos do transporte coletivo. A análise do órgão pode levar a prefeitura a autorizar um reajuste nas tarifas, como querem os empresários para admitir algum índice superior ao já proposto aos rodoviários, que se limita a repor a inflação. Alegando que o acordo não havia sido submetido a uma assembleia da categoria, os rodoviários ficaram diante das garagens e não movimentaram os ônibus.

A crise gerou desentendimentos entre a prefeitura, comandada por José Fortunati (PDT), e o governo do Estado, chefiado por Tarso Genro (PT). O prefeito pediu à Brigada Militar (a polícia militar gaúcha) que garantisse a saída dos ônibus das garagens e a segurança durante o trajeto. "Podemos mobilizar profissionais para conduzirem os ônibus, mas constatamos que é impossível colocar os veículos nas ruas por falta de segurança e, por isso, precisamos do suporte da Brigada Militar", avaliou Fortunati.

O governo estadual negou o pedido do prefeito. Em nota, avisou que, a não ser por decisão da Justiça, a Brigada Militar não interferiria nos piquetes diante das garagens.

Como Fortunati havia cogitado de pedir ajuda à Força Nacional de Segurança, o texto lembra que isso só pode ser feito pelo governoestadual e não por prefeituras. "Dissídio coletivo se resolve por negociação ou julgamento no Tribunal Regional do Trabalho, não pela coação física de trabalhadores ou de empresários", ressalta a nota.

Ontem à noite, os rodoviários decidiram manter a paralisação por tempo indeterminado.

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