O ex-médico Roger Abdelmassih, de 72 anos, condenado a 181 anos de prisão por estupro de pacientes foi indiciado pela suspeita de ter cometido mais crimes de estupro e de manipulação genética irregular contra outros 37 pacientes, entre 1990 a 2008. O inquérito foi concluído em março deste ano e encaminhado ao Poder Judiciário, onde corre sob segredo.
Pela lei, nenhuma pessoa pode cumprir pena superior a 30 anos. As condenações atuais contra o ex-médico são relativas a crimes cometidos entre 1995 e 2008. Agora, o período abrange cinco anos a mais e é iniciado em 1990. Somando os novos casos às condenações, o total de vítimas chega a 74. Muitas pacientes só apresentaram queixas contra Abdelmassih depois que o médico foi indiciado pela primeira vez.
Atualmente, Abdelmassih cumpre pena no presídio de Tremembé, interior do estado. As denúncias começaram a surgir em 2008. Em 2010, ele foi condenado a 278 anos de prisão, mas não foi preso graças a um habeas corpus do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que deu o direito de responder em liberdade. Em 2014, a pena foi reduzida para 181 anos, 11 meses e 12 dias pelo Tribunal de Justiça de São Paulo.
Em 2011, quando o habeas corpus foi revogado, ele não se apresentou e passou a ser considerado foragido. Foi achado em 2014, pela Polícia Federal, morando no Paraguai, e trazido para o Brasil.
Neste novo inquérito, as vítimas acusam Abdelmassih de abuso sexual e irregularidades médicas. Algumas afirmam ter sido beijadas e acariciadas à força pelo médico o que, pela lei, é considerado estupro. Ao ser interrogado por carta precatória no início do ano sobre os casos, o ex-médico se reservou ao direito de permanecer calado.
A empresária Marcia Miranda, de 49 anos, uma das vítimas que denunciou o médico neste novo inquérito, contou à reportagem que procurou Abdelmassih em 1996 para se submeter ao tratamento de fertilização “in vitro” para engravidar. Na época, ele era o mais famoso médico do país nesta área.
“Ele tentou me beijar duas vezes durante uma consulta. Na hora me assustei e empurrei ele, mas na época deixe para lá. Quando vi outras mulheres denunciando casos semelhantes, vi que deveria fazer o mesmo”, disse.
Procurada pela reportagem, a defesa de Abdelmassih não retornou aos contatos.
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