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Tensão no campo

Romaria de sem-terra denuncia ação de milícias armadas no PR

Manifestantes simularam cerimônia  fúnebre para protestar contra crimes | Osmar Nunes/Gazeta do Povo
Manifestantes simularam cerimônia fúnebre para protestar contra crimes (Foto: Osmar Nunes/Gazeta do Povo)

Querência do Norte - A 23ª Romaria da Terra, realizada ontem em dois assentamentos de Querência do Norte, região Noroeste, foi marcada por apresentações pedindo o fim da impunidade nos crimes contra sem-terra, maior rapidez na reforma agrária e discursos denunciando a ação de milícias armadas no Paraná. Entre uma atividade e outra, um verso era entoado por todos: "O clamor de justiça está no ar". Dez mil pessoas, segundo os organizadores e a Polícia Militar, participaram do evento.

O coordenador do Movimento dos Sem-Terra (MST) na região do evento, Pedro Faustino, disse que a impunidade favorece as agressões aos trabalhadores. Ele afirmou que pistoleiros estão tentando expulsar a tiros as mais de 200 famílias que ocupam, desde o ano passado, a fazenda Videira, entre Guairaçá e Terra Rica. "Os tiros são constantes e o clima é de medo. A situação prenuncia mais um tragédia, se a polícia não agir".

Segundo o coordenador nacional da Comissão Pastoral da Terra (CPT), padre Dirceu Luiz Fumagalli, o poder Judiciário está blindado e com decisões parciais. Nos últimos anos 78 trabalhadores rurais foram presos na região por ordens judiciais sob acusações de formação de quadrilha, badernas e outros crimes. No evento não estiveram representantes do Judiciário nem dos ruralistas.

Segundo o representante episcopal da CPT, dom Ladislau Biernaski, bispo de São José dos Pinhais, a romaria foi em Querência do Norte porque ali foram assassinados três integrantes do MST, desde 1988, quando o movimento se estabeleceu na região. Dados da CPT mostram que no Brasil, desde 1985, pelo menos 1.492 pessoas foram mortas, dos quais apenas 78 casos foram julgados.

Para Dom Ladislau, somente a distribuição justa da terra vai evitar mais crimes. Disse que os políticos precisam ser forçados a aprovar mudanças na Constituição para a inclusão do limite de propriedade. Uma campanha está sendo preparada, mas ainda sem data de lançamento. A meta é limitar o tamanho dos lotes em 35 módulos ( 560 hectares no Paraná, já que o tamanho dos módulos varia de um estado para outro).

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